• MEMORY.

Eu, tão novo assim, um pêssego pequeno e verde no pé. Sem consentimento você me tirou dos braços do meu conforto, tu descascou a inocência com seus dedos no limpo, em minha pele nova e cálida, você devorou a esperança e soltou o caroço ali. Eu chorei em prantos mas eu esqueci desse sofrimento, de meu caroço um novo pé cresceu, e como doeu crescer, meus galhos tomaram o grande pomar, e você assistiu em silêncio tentando pegar os meus frutos sem consentimento.

Mas eu sou forte agora, eu cresci eu tratei e fechei as feridas do meu pobre caroço abandonado, usado, sujo. Sujeira que saíram de suas mãos e de seu pó branco, aquele mesmo que me consumiu, o que eu repúdio assim como eu repúdio seu ser completo, sua falsidade, suas duas caras que eu sempre vi mas ignorei.

Cansei de fugir de suas garras, a meu novo fazendeiro contei sobre você e na cerca que me protegia você não conseguia passar e nunca vai conseguir. Sim, eu vou crescer mais, minhas folhas vão cair ao chão, minhas flores vão crescer e logo alguém se alimentará de meus frutos doces e calmos, mas dessa vez eu irei consentir.

Espero te ver atrofiar enquanto minhas flores cheiram o doce odor da felicidade, aquela que ousaste me tirar. Mas não, não viverei de suas lembranças, do toque dolorido… Eu viverei até que meu caule envelheça e minhas folhas caiam naturalmente, e a unica coisa que ira sobrar será as lembranças da minha grandeza e beleza. E novamente você atrofiarás, sozinho.

nov 30 2017 ∞
nov 30 2017 +