• 6:25 AM.

Tudo que eu penso em escrever está repleto de você, eu estou me intoxicando. Por mais que a nossa distância seja tanta que minhas pernas chegam a fraquejar… Eu ainda o sinto aqui, por todo meu corpo, nos meus pulmões, na palma das minhas mãos. Eu posso senti-lo tomando uma parte de mim, como um parasita que se nega a deixar meu corpo. E eu sinto, eu sinto você me destruindo completamente por dentro e por fora, vejo você se alimentando de tudo que sobrou de bom. Você suga a minha luz, e eu devo rir pois algum dia te comparei com ela… Sim, eu fui cego, cego por todas as mentiras e falsas esperanças acumuladas na ponta de sua língua, você tirou tudo de mim aos poucos, primeiro foi toda a minha visão, tudo em você tomou conta de cada coisinha que eu via, você havia sido incluso em todas as minhas memórias, e por enquanto isso estava bem, porém você chegou na minha felicidade, você a levou embora, sem dó ou piedade, fez dela a sua. Você habita outro corpo agora, mas os vestígios do seu estrago estarão aqui para sempre, me devorando, me matando, eu estou acabando.

          • 06:32 AM

Sempre esperei, esperei você voltar, e como eu fui paciente, logo eu, eu costumo ser um poço de impaciência, mas com você foi diferente. Eu sentei na cadeira, e o esperei até o ultimo segundo, as vezes acho que eu ainda estou te esperando, sentado estático no mesmo lugar, porém minha mente está desligada, você é o único que pode me tirar daqui. Mas você nunca chega, nunca.

            • 06:36 AM

FLOWERS

Eu não consigo respirar. Eu tento colher as flores em meus pulmões mas eu não consigo. Minhas mãos estão acorrentadas, meus olhos estão fechados e minha mente se encontra num blur, se afogando no rio de mortas esperanças, meus suspiros sendo a única coisa que meus ouvidos podem ouvir.

Está escuro, eu estou com medo, eu sei exatamente onde achar a luz mas minhas pernas vacilam no caminho. Me vejo caído no chão, por dias, meus olhos se acostumaram com a escuridão e meu corpo ao se manter deitado.

Me sinto isolado, sinto que nunca ninguém conseguirá me tirar desse lugar, eu grito por socorro mas meus gritos são abafados pela minha vergonha, o meu medo de sair talvez seja maior do que o de continuar. Eu posso ouvir os passos deles procurando por mim mas eles parecem nunca chegar, cada segundo mais distantes. Até sumirem completamente.

Estou me acostumando com o sentimento de ser mantido preso dentro desse lugar escuro, me sinto desprovido de fome e sede. É como se eu estivesse sofrendo de Síndrome de Estocolmo e as minhas memórias fossem o sequestrador.

E tudo é sobre mim, as flores cresceram aqui porque eu as permiti, eu o deixei entrar e meu maior erro foi acreditar nas coisas erradas. Minha mente que se considerava forte agora chora em desgosto enchendo cada vez mais o rio, prestes a transbordar, sua correnteza bate forte me deixando tonto.

Sempre te comparei com o mar, porém vacilei ao não me comparar com o mesmo. Acredito que eu, esse ser jogado no chão frio com os joelhos machucados não seja o mar, mas sim sua complexa mente conturbada, eu sou chuva e minha mente é o mar… Tempestade marítimas são as piores. Elas destroem tudo em sua volta, eu sinto muito que você seja uma delas, sinto muito por mim mesmo por ser uma delas também.

          • 06:38 AM

Eu aprendi a me culpar menos, porém sempre fui ciente que me deixei levar, eu sou atraído pelo medo e você me amedrontava, mesmo com meus olhos fechados eu conseguia vê-lo, sorrindo falsamente, mantendo sempre sua cara de indefeso. Isso sempre foi o que me mais me assustava, eu nunca soube ao certo o que você sentia, eu nunca sabia se era real, se era você ou apenas um personagem. As vezes me pergunto se eu realmente te conheço… Se alguma pessoa te conhece, e se você se conhece… Incógnita.

          • 06:40 AM

Sempre amei matemática, adorava calcular e recalcular até achar a resposta, o final do mistério. E eu tentei fazer isso com você, te decifrar, te entender, mas era mais complicado que uma simples fórmula de bhaskara… Você foi a coisa mais complexa que eu já toquei, que eu já amei, e isso não é um elogio, pois para minha mente ansiosa você se tornou uma ameaça, eu costumo rejeitar o desconhecido, fugir de tudo que é difícil. Porém dessa vez eu falhei em fugir, entrei no seu labirinto por acaso, por pura curiosidade de uma mente frágil e ouso dizer “pura”. E sim, Romeu, eu me perdi, me perdi intensamente, ralei meus joelhos tentando sair. Era frio e solitário, eu estava sozinho, como sempre sozinho, correndo sozinho, chorando sozinho… ‘Amando sozinho.

          • 06:44 AM

A mais doce decepção, Romeu. Éramos proibidos, agridoce, perfeito para meu agrado. Éramos o que costumam chamar de opostos, eu adorava. Me via em grandes casarões, vestes de luxo, dançando, sentindo seu corpo perto de mim, sentindo o calor, uma mancha de vinho tinto em seu colarinho.. Mas, A Romeu… Você era frio, mas não o frio que eu me atrevo a apreciar, não aquele que apetece, você era o frio cortante, que machucava e avermelhava minha pele, me fazia tremer. Tec, Tec, Tec, meus dentes batiam uns contra os outros, e você se sentava na lareira, o vinho tinto era batom, e é tão triste não saber nem ao menos de qual “delas” ele pertence.

nov 30 2017 ∞
mar 5 2018 +