Esse era um dos motivos para ela ter ingerido o veneno que a transformara em pedra. Não porque era destemida ou absurdamente heroica: era porque Evangeline simplesmente tinha mais esperança do que a maioria das pessoas.
Sabia que sua história tinha potencial para infinitos fins – e essa crença não havia mudado. Havia um final feliz esperando por ela.
"temos tortas de amora, terrinas de legumes da estação, pudim de abóbora, tortinhas de castanha e todo tipo de chá." A princesa apontou para uma torre com vários andares de bules coloridos, que soltavam uma bela fumaça cor-de-rosa.
Estava desesperada para saber se realmente existiam goblins confeiteiros que distribuíam doces nas festas de fim de ano e dragões do tamanho de um animal de estimação que viravam fumaça se tentassem voar para o Sul. E queria comparecer àquele baile.
E então a princesa ficou fazendo “ah!” e “oh!”, falando das pedras preciosas e das pérolas, e Evangeline teve a sensação de que suas entranhas eram fitas decorativas, tamanha sua empolgação frívola.
Os monstros em miniatura assavam maçãs e carnes, sopravam bibelôs de vidro e aqueciam canecas de cerâmica cheias de chocolate quente
Evangeline viu símbolos de incontáveis lendas e canções do Norte: chaves em forma de estrela e livros rasgados, cavaleiros de armadura, uma cabeça de lobo coroada, cavalos alados, pedaços de castelos, flechas e raposas, e ramos entrelaçados de lírios. Sua mãe costumava dizer que o fogo de dragão deixa tudo mais doce. As maçãs assadas por dragões, teoricamente, tinham gosto de amor verdadeiro. A fila para comprar essas delícias era tão grande que Evangeline e Marisol já esperavam havia quase meia hora. E, durante todo esse tempo, os moradores locais ainda fofocavam a respeito de Evangeline e do suposto beijo que dera no amigo de Apollo.
- E não me importo. Mas você ainda me deve um beijo e, até eu receber o pagamento, você é minha, e não gosto de dividir o que é meu. – Se eu não te conhecesse tão bem, diria que está com ciúme. – É claro que estou com ciúme. Sou um Arcano.
Evangeline acordou envolta por dois braços inflexíveis. Tentou se desvencilhar, sacudindo o corpo, mas Jacks a abraçou mais forte. Então abriu os olhos, que foram se acostumando lentamente à claridade quente do dia.
O Príncipe de Copas apertou os braços em volta de sua cintura, mantendo-a presa em seu colo.
E, em seguida, como se não fosse um monstro também, o Príncipe de Copas passou o braço por baixo da capa de Evangeline e abraçou sua cintura, segurando-a com força, de um jeito possessivo. Então reclamou: – Pare de exibir suas presas. Sou o único que pode mordê-la.