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  • Lutadores, na opinião de Patterson, sempre sentem medo, todos eles, especialmente os que chegaram ao topo. “Não temos medo de apanhar, mas temos medo de perder. Uma derrota no ringue não se compara a nenhuma outra”, ele disse certa vez. “Um campeão que é nocauteado ou sofre uma derrota humilhante nunca mais se esquece. Ele apanha debaixo dos refletores, na frente de milhares de testemunhas que o insultam e cospem nele. E ele sabe que está sendo observado por outros milhares de pessoas, na televisão e no cinema, e sabe que o pessoal do imposto de renda logo virá visitá-lo — eles sempre querem pegar sua parte antes que ele perca tudo —, e o lutador não pode pôr a culpa da derrota no técnico nem no empresário, nem em ninguém. Se ganhar, porém, com certeza o técnico e o empresário vão levar a fama. O lutador derrotado perde mais do que o orgulho e a luta; perde parte de seu futuro, recua um passo na direção do cortiço de onde havia escapado.”
  • para D’Amato, o boxeador precisava compreender a si mesmo, ou perderia. Um lutador não ia a nocaute, apenas. Ele queria ser nocauteado quando a força de vontade o abandonava. “O medo é natural, é normal”, dizia. “O medo é seu amigo. Quando um cervo passeia pela floresta, sente medo. Foi o modo que a natureza encontrou para manter o cervo alerta, pois pode haver um tigre nas árvores. Sem o medo, ele não sobrevive.”
  • “Saberemos como ele é depois que alguém o derrotar. Vamos ver como ele lida com isso. Na vitória, é fácil fazer qualquer coisa. Na derrota, porém, um homem se revela. Na derrota, eu não aguento olhar na cara das pessoas. Não tenho coragem de dizer fiz o que pude, me desculpem e outras coisas do tipo.”
  • A história dos boxeadores é a história de homens que saíram machucados: o grande Sam Langford, no início do século xx , foi impedido pela “linha da cor” de lutar pelo título e acabou cego e na miséria; Joe Louis usava cocaína e fugia do imposto de renda; Beau Jack engraxava sapatos no Hotel Fontainebleau; Ike Williams era explorado pela Máfia e devia ao governo; “Two Ton” [Duas Toneladas] Tony Galento lutava contra um polvo e boxeava com cangurus para ganhar a vida. Liston sabia que não poderia esperar nada melhor. “Algum dia vão compor um blues só para os boxeadores”, disse certa vez. “Vai ser para guitarra lenta, trompete suave e sino.”
oct 19 2022 ∞
may 8 2023 +