- A Onda , roteiro de Dennis Gansel, Peter Thorwarth : Além da possibilidade individual cidadã de compreender o nascimento de movimentos e regras sociais, dá ao artista a compreensão de como sua arte pode traduzir e refletir o meio em que ele, e qualquer humano, estão inseridos. Contando ainda, pessoalmente, por tratar de algo que me gera indagações constantes: o quão essencial, creio eu, seja aliar a prática a pedagogia.
- O Artista, roteiro de Michel Hazanavicius : "A beleza do cinema mudo é algo inigualável.". Uma aula sobre a diversidade da Arte e do Cinema, em expressar e passar suas mensagens. Me ensina a buscar sempre alternativas em técnica e em persuasão. "Não existem jeitos ruins de se contar uma história. Existe gente ruim definindo jeitos."
- Presságio, roteiro de Ryne Douglas Pearson, Juliet Snowden: Para ensinar como não foder um filme de forma tão amadora. Simples assim.
- A Rosa Púrpura do Cairo, roteiro por Woody Allen: É um filme sobre os filmes. Sua sutileza, que não cai em nenhum momento no romance abobalhado diabético transporta o telespectador a um mundo no qual o encantamento faz com que o tempo pare. Meu primeiro Allen me ensinou que histórias não precisam ser mirabolantes para serem cativantes.
- The Godfather, roteiro por Mario Puzo, Francis Ford Coppola: Um dos melhores roteiros da História, que consegue aliar ação em reviravoltas contínuas que não chegam a se tornar minimamente cansativas em nenhum momento.
- Viagem à Lua, roteiro por George Mrléliès: Historicamente, essencial. A atribuição de elementos lúdicos de Méliès, que aliam fantasia e ação, remontam ao período de nascimento do cinema, em que era feita por encantamento ímpar. Cabe aos artistas requererem a este mesmo combustivel ao atribuir significado às suas obras.
- Seven - Sete Pecados Capitais, roteiro Andrew Kevin Walker: Além de seu cuidado em transportar o caos das cidades atuais não somente como cenário, mas como co-protagonista, aplica uma cartela de cores regular, que, como o item citado acima, mais que possibiltar a existência da história, caminha debruçado a ela.
- Laranja Mecânica, roteiro por Stanley Kubrick: Uma direção muito peculiar por parte de Stanley Kubrick, principalmente no que diz respeito a fotografia: praticamente inteira sob luz natural. Além do modo como a trilha sonora complementa as cenas. Laranja Mecânica tem um enorme apelo social, quanto a interferência do Estado e da sociedade como um todo sobre o indivíduo. Platão estava realmente certo?
- Onde Vivem Os Monstros, roteiro por Spike Jonze, Dave Eggers: Quebrando o comum abismo entre filmes adultos e infantis, o filme conta com uma tríplice exímia: a fotografia, a trilha sonora e a direção. A combinação entre ambos os aspectos é uma lição a artistas que buscam compreender a transposição de conceitos de qualidade impostas a alguns tipos de produção. Qualidade é qualidade, e pode transformar até as mais simples histórias.
- 300, roteiro por Zach Snyder, Kurt Johnstad, Michael B. Gordon: Compreende o áudio (trilha sonora) como, mais que um elemento com vida própria e imponência no decorrer da trama, uma personalidade única vigorosa. Efetiva a inexistência da supremacia visual, colocando o áudio, em determinados momentos, tão ou mais evidenciado - com exímia persuasão do espectador.
- Paraísos Artificiais, roteiro por Cristiano Gualda, Pablo Padilla, Marcos Prado: Importante pela constatação da essencialidade de cada item dentro de um filme. Embora tenha o roteiro, por exemplo, certas dificuldades em fazer-se entender com qualidade, a trilha sonora e a fotografia contam, por si só, uma história própria, como deve ser, em um filme perfeito, o papel de todos os componentes. * Particularmente, me fez entender, ainda, a responsabilidade do cinema/roteirista com a alma dos personagens, verdadeiros fenômenos no Universo alternativo do artista.
- O Palhaço, roteiro por Selton Mello e Marcelo Vidicatto: É inteligente ao apresentar os personagens, onde seus estados expõem suas identidades, mais que as identidades somente. Vai contra a comum corrente brasileira de explicar todos os acontecimentos, confiando o preenchimento das lacunas que surgem ao raciocínio do espectador (10, 20, 100 pontos pra Grifinória!). Por fim, utiliza-se da natureza brasileira de maneira a evocar identificação nostálgica até mesmo naqueles menos chegados ao cinema e aos filmes no geral, evocando a função cinematográfica básica de contar, envolver e lembrar histórias.
- Out In The Dark, roteiro por Michael Mayer: É muito eficiente quanto aos elementos dispostos na trama ao longo da história, justamente por, ao mesmo tempo em que aproveita a todos, nenhum parece minimamente forçado no instante de sua apresentação. O que quero dizer é: embora faça uso de pequenos (!) detalhes para o decorrer de ações futuras, em nenhum momento elas parecem pretensiosas quando apresentadas ao público, cheias de uma espontaneidade e naturalidade extremamente convincentes.
- A Arte da Conquista, roteiro por Gavin Wiesen : Adoro a linearidade do protagonista, que, mesmo experimentando diversas situações ao longo da trama, persiste num viés capaz de conectar todos os seus discursos e pensamentos (por exemplo), chegando a ser a representação máxima do que definiria como o tão falado caráter. Ao artista, particularmente, cabe perceber a fidelidade que George carrega em todas as suas ações verbais e averbais, que permitem identificá-lo, conhecê-lo, sem a necessidade de um perfil traçado ou sucessivas declamações emocionais.
- 2 Coelhos, roteiro por Afonso Poyart: Há uma perfeita coerência entre direção, montagem e proposta de roteiro, talvez por terem sido assumidos por um mesmo responsável. Essa coerência é perceptível também dentro de cada uma dessas componentes, cuja proposta é mantida em todo o filme, sem desestabilizar quem assiste, ao mesmo tempo que não deixa a originalidade de lado a cada renovação cênica. No entanto, falha na construção do personagem em torno do seu objetivo, chegando a torná-lo, às vezes, desvirtuado do tom instigado. *É gostoso ver filmes brasileiros ousando na confusão, sem tentar desesperadamente "abrasileirar" essa loucurinha do gênero.*
- What If, roteiro por Elan Mastai: É uma lição pela fluidez de seus diálogos, destacável característica ao se considerar que são, muitas vezes, longos e poéticos/filosóficos, adquirindo sempre naturalidade e verossimilhança.
- Que Horas Ela Volta?, roteiro por Ana Muyleart: Exemplo na representação de um cotidiano comum e familiar, sem o ~Padrão Globo~ previsível e impregnado. Visibiliza as relaçôes interpessoais pela simplicidade idêntica a real.
- The Butterfly Effects, roteiro de Eric Bress e J. Mackye Gruber: Enredo criado a partir de um sol cíclico, que, mesmo assim, é capaz de surpreender o expectador. Isso, porque todo ciclo de repetição, coincide (procede/precede) um ciclo de surpresas.
- The Boy In The Stripped Pajamas, roteiro por Mark Herman: O cinema é sobre transportar pessoas a uma realidade que elas nunca viveram ou veriam, fazendo-as enxergar a si mesmas e a sua humanidade no outro, "tão distante".
- A Vida é Bela, roteiro por Roberto Benigni: Estrutura narrativa semelhante aos livros, com introdução longa, de tamanha ou maior metragem que o desenvolvimento ou conclusão. O tom do filme é apresentado ao espectador logo na primeira cena e mantido no roteiro, direção, atuação etc. em todas as demais, sem exceção - uma aula de uniformidade!
- 10 Coisas Que Eu Odeio Em Você, roteiro por Karen McCullah Lutz, Kirsten Smith: Como criar um romance entre dois personagens considerados "impossíveis".
- V de Vingança, roteiro por Andy Wachowski, Larry Wachowski: É necessário oferecer uma motivação central a todas as ações do desenrolar do filme, que instigue o espectador a continuar vendo-o por não conseguir fugir de sua curiosidade.
oct 15 2014 ∞
jan 21 2016 +