Custódio, Cruz e Pietrocola; 2011
A necessidade de explicar surge do desejo de compreender.
O que é uma explicação científica? O que é uma explicação escolar? Qual é a relação entre explicações e entendimento nestes domínios? O que leva um indivíduo a aceitar uma explicação? Qual a função de variáveis subjetivas/afetivas na aceitação/entendimento de uma explicação?
Sobre as explicações científicas:
- Modelo nomológico-dedutivo (N-D) de Hempel
- Explanandum: fato a ser comprovado.
- Explanans: sentenças que formulam a informação explicativa.
- Uma explicação se constitui ao recorrermos, para um dado explicandum, a suposições e hipóteses não presentes nele próprio e das quais pode ser derivado.
A explicação é uma resposta a uma questão "por quê?"
Crítica ao modelo:
- Explicar um evento seria mostrar a existência de implicações entre o evento particular e um caso geral, simplesmente incluindo-o em um conjunto admitido de suposições. A explicação científica não se limita a vincular a existência de acontecimentos com leis, senão que, mediante estas últimas, insere a descrição do fato em uma teoria. É esse respaldo teórico que responde, em última instância, pela explicação científica stricto sensu.
- São as teorias que dão suporte às explicações e a função da ciência é procurar por teorias que explicitem com maior precisão os mecanismos internos do real.
Explicações no cotidiano e na educação científica Tipos de estruturas conceituais usualmente utilizadas pelas pessoas em geral para dar explicações são (Brewel 1998):
- Causal/ mecânico
- Funcional
- Intencional
Comparando com as explicações científicas:
- Semelhantes estruturalmente.
- Os cientistas aplicariam os critérios de qualidade muito mais severamente que os não cientistas.
- Nas ciências as explicações deveriam ser também, em princípio, testáveis.
Relação entre a resposta produzida e a questão colocada. Explicação adequada (Gilbert 1998)
- Uma explicação é uma resposta promovida a uma questão específica, pois nenhum tipo de explicação é apropriada em todas as circunstâncias e para todos os questionadores.
- Só podemos falar em explicação quando tratamos de respostas a uma classe pré-definida de questões e os respectivos tipos de questões que elas sugerem.
Tipologia de explicações na ciência e na educação científica:
- Intencional: porque o fenômeno está sendo explicado?
- Descritiva: quais são as propriedades desse fenômeno?
- Interpretativa: de que este fenômeno é composto?
- Causal: por que este fenômeno se comporta da maneira que ele faz?
- Preditiva: como o fenômeno irá se comportar sobre outras condições?
As perguntas que são feitas nas escolas são internas ao professor e ao pesquisador, mas quase sempre externas aos alunos. Por tanto, considerar se as explicações em sala de aula são adequadas ou não, ou se são mais ou menos adequadas que outras se torna mais importante que considerar se são científicas ou não.
O que torna uma explicação apropriada para uma dada circunstância:
- Adequação: relação entre o tipo de questão feita e o tipo de explicação dada.
- Relevância: o quanto a explicação atende às necessidades do questionador.
- nível extrínseco: o questionador legitima a explicação de quem explica (influência do contexto social)
- nível intrínseco: o questionador deseja saber ou compreender alguma coisa por seus próprios motivos.
- Qualidade: legitimidade comparada com o conhecimento aceito pela comunidade científica.
- Plausibilidade.
- Ser parcimoniosa: maior alcance com menor número de conceitos.
- Ser generalizável: ser aplicável à maior gama possível de contextos.
- Ser frutífera: levar ao maior número de predições de sucesso.
Proposições gerais devem se submeter a um processo de avaliação de qualidade, através de algumas categorias, para se tornarem explicações. (Brewer)
- Precisão empírica.
- Alcance.
- Consistência.
- Simplicidade.
- Plausibilidade.
- Crenças irracionais.