Considerações pré-leitura
1- Discurso
- A AD não vai se ocupar do sentido do texto, ou do sentido do discurso, mas sim dos modos e das dinâmicas do texto e do discurso por ocasião da produção de sentidos ao longo do fio da história.
- A AD trabalha "refletindo sobre a maneira como a linguagem está materializada na ideologia e como a ideologia se manifesta na língua".
- "A relação linguagem/pensamento/mundo não é unívoca, não é uma relação que se faz termo-a-termo".
- Os sentidos só são possíveis através de sua materialização na linguagem.
Premissas da AD:
- A língua tem sua própria ordem.
- A história tem seu real afetado pelo simbólico.
- O sujeito da linguagem é descentrado pois funciona pelo inconsciente e pela ideologia.
2- Sujeito, história e linguagem
- Diferença entre dispositivo teórico e dispositivo analítico: o dispositivo analítico é o dispositivo teórico modulado de acordo com os fins específicos necessários para uma dada análise.
- Condições de produção:
- Sentido estrito: contexto imediato de enunciação.
- Sentido amplo: contexto sócio-histórico e ideológico.
- Interdiscurso: origem exterior do sentido que provém de outro lugar. Não é possível inaugurar um sentido completamente novo, pois tal sentido seria incompreensível, o novo surge do pronunciamento do já dito (_memória do dizer_).
- Intradiscurso: aquilo que estamos dizendo naquele momento dado, em condições dadas.
- Toda enunciação partiria da junção desses dois eixos: memória (_constituição_) e da atualização do já dito (_formulação_).
- O discurso é simultaneamente estrutura e acontecimento (Pêcheux).
Esquecimentos:
- Esquecimento ideológico: o sujeito pensa ser a fonte do sentido quando, na verdade, ele apenas retoma sentidos já ditos.
- O que o sujeito diz significa exatamente aquilo que ele quis dizer, e não poderia ser dito de outro modo.
Categorias importantes:
- Lugar: lugares ocupados pelos sujeitos empíricos dentro de uma sociedade de relações hierarquizadas.
- Posição: projeções feitas pelos mesmos em momentos, como antecipar o efeito de sentido causado pelo discurso em um determinado interlocutor.
Formação discursiva: aquilo que em uma formação ideológica dada determina o que pode e deve ser dito.
3- Dispositivos de análise
- O dispositivo analítico deve evidenciar como se fala a mesma língua, mas, ainda assim, são falados diferentes sentidos.
- O que o analista pleteia não é um lugar neutro, do qual se possa averiguar a verdade dos processos de produção de sentido, mas sim um deslocamento que lhe permita trabalhar entremeio localizado entre a interpretação e a descrição.
4- Conclusão
- A relação do sujeito com a linguagem nunca é inocente. Pelo contrário, falar é tomar partido, é identificar-se com.