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O propósito de Wesley Salmon é argumentar em favor da tese de que é possível uma reconciliação, em grau significativo, entre as duas grandes tradições na análise da explicação científica. A ideia central é que nestas tradições se defendem enfoques que são compatíveis e complementares.
Uma tradição é a que se inicia com Carl G, Hempel; as ideias desenvolvidas por este autor constituíram, nos anos sessenta e setenta, a "concepção aceita". Seu sucessor natural é a concepção da unificação, devida principalmente a Michael Friedman e a Philip Kitcher. A outra tradição é a iniciada por Michael Scriven, quem defendeu uma concepção causa da explicação. As transformações que esta concepção tem sofrido tem sido resultado de análises cada vez mais cuidadosas e detalhadas da causalidade. Um dos principais responsáveis por essas transformações é Wesley Salmon.
Na concepção da unificação que Friedman propõe, a tese básica é que aumentamos nosso conhecimento científico do mundo na medida em que podemos reduzir o número de supostos independentes aceitáveis para explicar os fenômenos naturais.
Salmon desenvolve a concepção causal fazendo uma elucidação de certos mecanismos causais: interações e processos causais; defende ainda a tese de que os mecanismos causais podem ser indeterministas. Como pensa que o objetivo da explicação científica é mostrar a forma como a natureza opera - o que implica em descobrir os mecanismos que subjacem ao fenômenos - considera que seu enfoque é melhor entendido como uma concepção causal e mecânica.
O conceito de "texto explicativo ideal" introduzido por Peter Railton, junco com a análise do nível pragmático da investigação científica que este mesmo autor propõe, são considerados por Salmon como uma base muito adequada e promissora para mostrar que a concepção mecânico-causal e a concepção da unificação, são reconciliáveis - compatíveis e complementares.
Salmon oferece uma série de exemplos para apoiar sua teses. Entre eles, alguns sã utilizados para evidenciar que a explicação funcional - tal como Larry Wright a concebe - não tem por que entrar em conflito com as explicações mecânico-causais "de grão fino". Ambas são legítimas e complementares.
A natureza da compreensão científica, segundo Salmon, abarca ao mesmo tempo dois aspectos, os quais correspondem aos dois tipos de explicação analisados. Por um lado, a compreensão dos fenômenos requer que sejam acomodados em uma visão geral de mundo. Este aspecto da compreensão está estreitamente relacionado com a percepção da explicação como unificação. Por outro lado, a compreensão requer um conhecimento de como a natureza opera, dos mecanismos responsáveis pelos fenômenos. Este aspecto é o que recupera a concepção mecânico-causal. Em vista da complexidade do conceito de compreensão científica, Salmon conclui, não parece plausível uma caracterização da explicação científica em termo de algum esquema formal ou formulação linguística simples.