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  • Uma dessas teorias é a teoria de Lemke. Destaca o valor da semântica, uma vez que o conteúdo de cada área técnica e científica podem ser expressos de vários modos diferentes. As palavras e os vocabulários podem variar, mas o padrão semântico sempre permanece o mesmo.
  • Padrão temático: o padrão de conexão entre o significado de palavras em um campo particular das ciências. Este é um padrão de relação semântico que descreve o conteúdo temático, o conteúdo científico de uma área típica particualr. Rede de relação entre conceitos científicos em um campo, mas descritos semanticamente em termos de como a linguagem é usada naquele campo.
  • O diálogo científico tem dois padrões: um padrão organizacional, representado por sua estrutura de atividade e um padrão temático. A estrutura à qual Lemke se refere aqui é a sequência da interação (como o padrão triádico). Já o padrão temático pode ser relacionado com as explicações específicas do Wertsch.
  • Como o conteúdo científico é apresentado depende tanto de estratégias de interação e estruturas de atividade quanto do desenvolvimento de estratégias temáticas e dos padrões temáticos em si. Esses dois aspectos do diálogo são intimamente independentes no processo de ensino e aprendizagem através da linguagem (Lemke 1990).

Sobre a teoria de Mortimer: In science classroom, explanations are good candidates to constituting micro unities of meaning that deserve a specifi analysis.(article)

  • O trabalho de Ogborn et. al segundo Mortimer: Ogbonr, Kress, Martins and McGillicuddy (1996), focusingo on the ways science teacher construct and present explanations in science classroom, developed a theoretical framework in which scientific explanations are described as analogous to stories or narratives. Ao exemplificar que tipo de perguntas ‘drives’ explicações, Ogborn et al. (1996) oferecem não apenas uma tradicional pergunta de ‘por quê’ mas também perguntas com respeito a ‘como’ e ‘o que’.
  • Com relação ao trabalho de Mortimer, este produz uma ferramenta analítica para estudar como o professor trabalha as intenções e o conteúdo do ensino por meio das diferentes intervenções pedagógicas que resultam em diferentes padrões de interação. Eles identificaram quatro classes de abordagem comunicativa, que são definidas por meio da caracterização do discurso entre professor e alunos ou entre alunos em termos de duas dimensões: discurso dialógico ou de autoridade; discurso interativo ou não interativo (Mortimer e Scott, 2002). Com relação à dimensão dialógica ou de autoridade, tais termos são inspirados na leitura que Wertsch (1991) com relação ao discurso de autoridade e discurso internamente persuasivo, introduzidos por Bakhtin.

Mortimer também apresenta ferramentas úteis para a análise de explicações. Um exemplo é sua interpretação de discursos típicos de sala de aula e sua categorização como descrição, explicação e generalização. Tais categrias se subdividindo com relação a seu teor predominanetemente teórico ou empírico.

  • Tais modelos esquemáticos tomam a forma de um esquema geral que pode ser identificado não só para um episódio particular mas também para uma série de outros episódios históricos dotados de alguma semelhança. Para a representação da história russa, por exemplo, Wertsch identificou um modelo referente à expulsão de um inimigo estrangeiro. Este modelo pode ser aplicado utilizando diferentes personagens, eventos, datas e circunstâncias; mas seu enredo básico permanece relativamente constante, contendo os itens listados abaixo.
    • Situação inicial na qual a Rússia está em paz e sem interferir com os outros países;
    • Início de um conflito no qual um inimigo estrangeiro ataca a Rússia cruelmente e inesperadamente sem ter sido provocado;
    • Rússia quase perde tudo enquanto sofre com as tentativas inimigas de destruí-la como civilização;
    • Excepcionalmente e através de heroísmo, e contra todas as probabilidades, a Rússia, agindo sozinha, triunfa e consegue expulsar o inimigo estrangeiro.
  • Este modelo constitui o enredo básico para vários dos eventos mais importantes da história russa, incluindo a invasão mongol do século XIII, a invasão sueca no século XVIII, a invasão de Napoleão no século XIX, e a invasão de Hitler no século XX (Wertsch, 2008). Dessa forma, este modelo desempenha um papel particularmente importante no modo como os russos constroem suas próprias narrativas para representar o passado de seu país; influenciando, assim, no funcionamento da memória coletiva dos membros desta sociedade.
  • Assim como Wertsch foi capaz de identificar um modelo esquemático que tem validade geral para o modo como os russos constroem suas narrativas para representar o passado, partimos da hipótese de que as explicações utilizadas em ambiente escolar para descrever os fenômenos científicos, em particular os fenômenos que dizem respeito à física, também podem ser entendidas como ferramentas culturais e podem ser compreendidas segundo o ponto de vista da ação mediada, inclusive gerando a possibilidade para a identificação de um ou mais “modelos esquemáticos explicativos” específicos desta forma de comunicação.
  • Tais modelos explicativos fariam parte de um “kit de ferramentas” que seria socialmente compartilhado e ao qual os falantes teriam acesso, desempenhando assim um importante papel na produção e uso das explicações.
  • O termo 'explicação' é comumente compreendido, de forma simplificada, como “um ato com intenção de tornar algo claro, compreensível, ou inteligível” (Norris et al., 2005, nossa tradução). Esta é uma definição muito ampla e pode ser utilizada para produzir explicações sobre praticamente qualquer assunto; tratando-se, portanto, de um termo que se aplica a uma grande variedade de situações. As discussões realizadas entre os filósofos da explicação científica nas últimas seis décadas se concentraram mais nas explicações produzidas no cotidiano, na história e nas ciências, e tratou de classificar tais explicações de acordo com sua função (Passmore 1965 in Norris et. al. 2005). Com relação à função, foram identificadas os quatro objetivos com os quais as explicações são mais comumente empregadas:
    • Instrução: explicar o que é alguma coisa;
    • Justificação: explicar porque uma certa decisão foi tomada em detrimento de outra;
    • Descrição: explicar como alguma coisa ocorre;
    • Motivação: explicar porque algo ocorre, como no caso do emprego de leis físicas;
  • Além de serem classificadas segundo a função, as explicações também podem ser classificadas de acordo com o tipo, dependendo do contexto no qual tal explicação seja empregada. Este novo parâmetro amplia o leque de possibilidades uma vez que funções e tipos podem se combinar de inúmeras formas. Na literatura especializada há uma tradição de privilegiar as explicações do tipo científico em detrimento daquelas pertencentes a outros tipos, como por exemplo as explicações escolares.

O que é mais importante aqui é ter em mente que estes diferentes tipos de explicação são inerentes às diferentes formas de comunicação humana. As pessoas não inventam suas próprias explicações a partir de um vácuo social, mas sim desenvolvem a habilidade de utilizar modelos que encontram nas diferentes esferas de atividade humana, como ambiente familiar, escolar, profissional, etc. Esta é uma consideração central para a tradição de pesquisa na qual este trabalho se insere, uma vez que elementos compartilhados socialmente passam a ser agentes de fundamental importância para a realização da atividade.

mar 28 2015 ∞
mar 28 2015 +