• "Tal transformação da dialética hegeliana em uma dialética do trabalho era, porém, no caso de Kojève, solidária do abandono da filosofia da natureza para que uma ontologia dualista fundada na distinção ontológica entre homem (negatividade dialética) e natureza (matéria pura pré-reflexiva) pudesse aparecer. [...] No entanto, o preço do abandono kojèveano da filosofia da natureza é a negação não dialética completa da irredutibilidade do sensível ao conceito. Um preço que Hegel nunca se viu obrigado a pagar,  já que a negação não dialética do sensível nos impede de compreender a natureza da contradição hegeliana (Wiederspruch) como contradição objetiva ou contradição real. Pois a naturalização da dialética em Hegel preenche o papel, no interior do sistema, de espaço para o advento de um saber que não seja fundado na expulsão pura e simples da experiência sensível. Assim, por exemplo, quando Lacan coloca uma diferença entre a negatividade própria ao sujeito do inconsciente em sua relação à Coisa e uma “nadificação que se assimilaria à negatividade hegeliana” (Lacan, S IX, sessão de 28.3.1962), isto é resultado de um dentre os muitos erros de perspectiva entre Hegel e Kojève."
    • safatle não compreendeu a radicalidade do conceito de sujeito lacaniano como definido por sua relação ao traço unário. sim, em hegel a irredutibilidade do sensível é suspensa na diferença interior da consciência-de-si, que é a contradição; mas não é a isso que lacan se refere. seu alvo é a própria suposição de unidade da lei que permite que ela veja sua diferença com o fenômeno como uma diferença interior.
      • 12/06/21: eu é que não tinha terminado a fenomenologia, mas fica como documento. a questão do perdão e da religião manifesta é precisamente a reabsorção do problema da 'dúvida cartesiana', que lacan diz não se encontrar na fenomenologia.
may 17 2020 ∞
jun 13 2021 +