intro: os conceitos de espaço-tempo e de velocidade máxima constante são codependentes e afirmam um mesmo conceito.
que a velocidade máxima seja constante significa que a relação entre o tempo e o espaço não é uma relação conceitual pura, mas uma relação irredutivelmente quantitativa, a relação da indiferença própria às dimensões. justamente porque as dimensões são a indiferença elas não precisam se particularizar segundo a triplicidade do conceito, mas são a particularização infinita.
o conceito hegeliano de tempo como negação puramente conceitual do espaço tinha dois pressupostos: a irreversibilidade do tempo e a simultaneidade absoluta do espaço. a relatividade não refuta o primeiro, apenas o segundo. mas a não-simultaneidade do espaço implica que também ele é irreversível: pois, dada a velocidade máxima constante, a passagem de um espaço a outro é também necessariamente passagem de um tempo a outro e cai por terra a própria representação de um "mesmo espaço", enquanto o que está apenas ao lado sem também estar depois: o lugar é de uma vez espaço-temporal.
§ 1: a *dimensão* (ou extensão) é a primeira determinação da natureza, que é a exterioridade pura ou a quantidade pura. em primeiro lugar, ela é a quantidade pura na forma da continuidade, pois é por si o mesmo que o seu outro ou é dentro de si o mesmo que seu fora. em segundo lugar, a dimensão é em si um outro ou também é fora de si o que é dentro dela. mas o ser-outro dela ou o fora dela não é por si como o ser-outro ou como fora — para a dimensão isso é uma necessidade exterior e cada dimensão é, enquanto tal, apenas como dimensão em geral (como o algo e o outro). porque a mesmidade e o ser-por-si são o qualitativo, ela é sempre novamente outra dimensão: *multiplicidade de dimensões*. assim, as dimensões são discretas: pois a discrição é justamente essa relação do algo em geral ao ser-outro que é posta como indiferença (pois, para o algo discreto, o outro não está posto), mas que, através dessa própria alteridade sem conceito, é em si a exclusividade absoluta. mas, em terceiro lugar, o ser-outro da dimensão é o mesmo; mas a mesmidade só é pelo retorno a 'esta' dimensão a partir da 'outra', e os momentos da dimensão são o ser-para-outro e o ser-em-si. mas a determinidade da dimensão é nela mesma seu ser-para-outro: a dimensão só se determina através de outra.
§ 2: o *lugar pontual* é a negação absoluta da dimensionalidade. mas as dimensões só são na medida em que são determinadas pelo ponto. as dimensões não são senão a abstração dos termos da função do lugar, a qual é a totalidade na qual elas têm sua verdade.
§ 3: a dialética hegeliana de lugar - movimento me parece válida. ela mostra justamente que a totalidade espaço-temporal só pode se efetivar como relacionando os lugares pelo mau infinito do movimento. a indiferença das dimensões passa para a contradição como a irreversibilidade do lugar. mas seria preciso extrair do conceito de movimento o conceito de velocidade máxima constante, dado que esta precisa ser definida não apenas como a relação espaço/tempo, mas como a relação de múltiplas dimensões. mas todos esses conceitos precisam ser pensados como ainda puramente quantitativos, antes do retorno à medida.