na crítica de zizek do politicamente correto, lhe escapa a dimensão lógica desse fenômeno, que se parece demasiadamente com sua rejeição à 11º tese sobre feuerbach: a crença de que, se nos empanharmos em uma redescrição da realidade, ela muda por si só. ainda que a transformação da linguagem esteja sempre relacionada com a transformação da realidade, elas não estabelecem entre si uma relação de causalidade simples. isso se deve à divisão da experiência da linguagem em simbólico e imaginário: enquanto a redescrição do mundo se dá sempre a nível imaginário operando uma substituição metafórica, a transformação da realidade apenas se dá na reorganização do simbólico, que não flutua no ar, mas existe concretamente nas relações sociais. portanto, apenas coma intervenção política, a mudança do mundo, será possível reinterpretá-lo. até lá, toda a filosofia que não se engajar frontalmente nisso, se restringirá a anunciá-lo profeticamente.

dec 8 2017 ∞
dec 8 2017 +