sobre o sacrifício totêmico, lembrar de sohn-rethel: é claro que aquilo que é objeto de sacrifício só pode ser excedente econômico. as primeiras sociedades da apropriação (como apropriação direta) são as sociedades do rei divino, que se apropria do excedente, concomitante ao surgimento da troca com outras comunidades (aqueles com quem não se come junto). aqui se dá o fim da concomitância entre sacrifício e gozo, e aquele muda seu sentido econômico. por outro lado, ele é um momento necessário porque o sacrifício do excedentenão permite a reposição dos meios de produção, porção do produto social de que ninguém se apropria nem mesmo no socialismo, como discutido por marx no capítulo 49 do livro III. no capitalismo, o 'sacrifício' é inconsciente, escondido pela igualdade da troca; ao mesmo tempo, sua forma é a do vínculo social puro, sem sacrifício, a identificação simbólica totalmente impessoal e destituída de conteúdo.
com isso podemos fundamentar completamente o conceito filosófico de identidade nas práticas econômico-culturais. a 'arte autônoma' de adorno seria a criação de um modelo controlado de sacrifício público por meio da forma estética.
o vínculo entre a teoria dos objetos da pulsão e uma antropologia da troca poderia produzir uma fundamentação sociológica e psicanalítica da teoria dos meios artísticos. (elementos para uma dissertação)