• O AMOR é insaciável e nenhuma razão o governa. Um gesto, um olhar, um suspiro, bastam para revelá-lo. O descuido dos amantes fazia o jogo dos inimigos.
  • Quando Marcos regressou a Tintagel, os seus homens perguntaram-lhe onde estivera durante tanto tempo. Mentiu o melhor que pôde: ninguém soube nunca onde nem a que fora. Quanto a ele, regozijava-se secretamente de poder acreditar de novo que a mulher e o sobrinho não o enganavam; agradava-lhe, para melhor se convencer da sua inocência, tomar as aparências pela realidade e um símbolo por uma prova. A sua natureza levava-o a preferir o perdão e apaziguamento à dureza e à violência.
  • Sinto como tu que o sortilégio chegou ao fim. O nosso amor continua, como dizes, mais forte que nunca, mas cessou de ser uma coação mágica, uma força exterior, invencível e fatal. Vamos amar-nos agora como os outros homens e as outras mulheres desde que o mundo é mundo; eis-nos restituídos à condição comum de todos os mortais. Doravante estaremos sujeitos aos caprichos do destino, à flutuação dos nossos desejos, a todos os movimentos contrários, a todos os remorsos das nossas vontades. Daí vem que a esta hora, sem cessarmos de nos amar, estejamos a conceber o projeto de nos separarmos.”
  • Nas mulheres, o ressentimento dura mais tempo que a afeição: elas que regateiam o amor, prodigalizam ao desbarato o ódio enquanto durar a cólera.
sep 29 2018 ∞
sep 29 2018 +