- BERTRAM: "Oh cólera! E que importa? Não há por hora vida bastante nas veias do homem? Não borbulha a febre ainda às ondas do vinho? Não reluz em todo o seu fogo a lâmpada da vida na lanterna do crânio?" (p. 15-16)
- SOLFIERI: "Imortalidade da alma?! [...] Nunca velada levastes por ventura uma noite à cabeceira de um cadáver? E então não duvidastes que ele não era morto, que aquele peito e aquela fronte iam palpitar de novo, aquelas pálpebras iam abrir-se, que era apenas o ópio do sono que emudecia aquele homem? Imortalidade da alma! E por que também não sonhar a das flores, a das brisas, a dos perfumes? Oh! não mil vezes!" (p. 16-17)
- SOLFIERI: "Deus! Crer em Deus!?... Sim! Como o grito íntimo o revela nas horas frias do medo, nas horas em que se tirita de susto e que a morte parece roçar úmida para nós! Na jangada do náufrago, no cadafalso, no deserto, sempre banhado do suor frio do terror é que vem a crença em Deus! Crer nele como a utopia do bem absoluto, o sol da luzz e do amor, muito bem! Mas se entendeis por ele os ídolos que os homens ergueram banhados de sangue, e o fanatismo beija em sua inanimação de mármore de há cinco mil anos... não creio nele!" (p. 18)
nov 27 2014 ∞
jan 25 2015 +