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prefácio

"a fragilidade socioemocional dos filhos e das filhas deflagra a fragilidade socioemocional dos pais e das mães. não são só as crianças e os adolescentes que estão no quarto - os adultos também estão."

"o livro termina com uma espécie de clamor aos adultos e às adultas: não desprezem as crianças, os adolescentes; ouçam suas vozes, seus corpos, respeitem as suas ideias, seus pensamentos e sentimentos - essas crianças e esses adolescentes, quando bem-cuidados, são mestras e mestres na arte de transformar a vontade da morte em vontade de vida e o sentimento da dor em sentimento do amor.

2. a geração do quarto: uma geração adoecida

"a geração do quarto, segundo dados coletados em cinco estados brasileiros (pernambuco, rio grande do norte, alagoas, rio de janeiro e minas gerais), com meninos e meninas de 11 a 18 anos de idade, bem como os adultos responsáveis legalmente por eles, é aquela que passa cerca de seis horas por dia, quando não está em atividades fora de casa, dentro dos quartos e que apresenta comportamentos adoecidos, perigosos e frágeis emocional e mentalmente."

"são pessoas que, ainda muito jovens, sentem densidades emocionais enormes sobre as costas e não conseguem lidar com elementos importantes para a estruturação de suas subjetividades."

"comportamentos depressivos. isolamento. tentativa de suicídio. suicídio. poli dependência. consumo de drogas pesadas. bebedeiras reiteradas. pornografia em excesso. anorexia. bulimia. apatia escolar e absenteísmo. escapadas. vandalismo. violência contra os outros e contra si mesmo. estupros. ciberdepêndencia e uso exagerado de chats."

"a geração do quarto não é "geração z", nem é "selfie", nem é "on-line", nem é "millennials". ela pede ajuda, e seus corpos, usados das mais diversas formas, têm sido campo de registro para que a dor não passe despercebida pelos cantos da casa e pelos muros da escola. eles gritam e se marcam, se mutilam, se hipertrofiam, alargam orelhas, perfuram bocas e órgãos genitais, pintam os cabelos de cores várias, ficam e deixam de ficar, não se vinculam afetivamente."

"existem nessas pessoas sobre as quais tratamos aqui fissuras emocionais que as levam ao sofrimento. o sofrimento que traduz a sensação de desvinculação da vida com os seus.

"é como se essa geração não conseguisse de modo evidente enfrentar os desafios da vida, sem que, para tanto, pensasse na hipótese da morte. a miha vontade mesmo é morrer. r., 11a, recife) no entanto, não se trata, pois, de uma geração de fracassados, mas de uma geração que exige dos adultos novas posturas diante da vida, à medida que deflagra outro sério problema: ela se sente abandonada dentro de casa, se sente sozinha, descuidada, negligenciada e rejeitada, incapaz de enfrentar os vários e inúmeros momentos da vida cotidiana."

2. a geração do quarto: uma geração solitária dentro de casa

mar 23 2025 ∞
mar 23 2025 +