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Um dia, enquanto estavam treinando, os astronautas se depararam com um velho índio. O homem lhes perguntou o que eles estavam fazendo lá. Eles responderam que eram parte de uma expedição de pesquisa que em breve viajaria para explorar a Lua. Quando o velho escutou isso, ficou em silêncio por alguns instantes e então perguntou aos astronautas se eles poderiam lhe fazer um favor. – O que você quer? – eles perguntaram. – Bem – disse o velho –, as pessoas da minha tribo acreditam que a Lua é habitada por espíritos sagrados. Eu estava pensando se vocês poderiam transmitir a eles uma mensagem importante do meu povo. – Qual é a mensagem? – perguntaram os astronautas. O homem proferiu algo em sua língua tribal e então pediu que os astronautas repetissem de novo e de novo, até memorizarem corretamente. – O que significa? – os astronautas perguntaram. – Ah, não posso lhes dizer. É um segredo que só a nossa tribo e os espíritos da Lua podem saber. Quando voltaram à base, os astronautas procuraram e procuraram até que encontraram alguém que sabia falar a língua tribal e lhe pediram para traduzir a mensagem secreta. Quando repetiram o que haviam memorizado, o tradutor começou a gargalhar. Quando se acalmou, os astronautas perguntaram o que significava. O homem explicou que a frase que eles memorizaram com tanto cuidado queria dizer: “Não acredite em uma única palavra do que essas pessoas estão lhe dizendo. Eles vieram roubar suas terras”.
Por um instante, parece possível manter os dois mundos, as duas versões de sua vida, e se movimentar entre eles como se cruzasse uma porta. Pode ter o respeito de alguém como Marianne e também ser querido na escola, pode formar opiniões e preferências secretas, nenhum conflito tem que surgir, ele nunca precisará escolher uma coisa em detrimento de outra. Com apenas um pouco de subterfúgio pode viver duas existências totalmente distintas, jamais encarando a questão fundamental do que fazer dele mesmo ou de que tipo de pessoa ele é.
Ele disse que gostaria de mostrar a ela, mas sempre tinha gente circulando por lá. Ele volta e meia faz comentários displicentes sobre coisas que “gostaria”. Gostaria que você não precisasse ir embora, ele diz quando ela está de saída, ou: Gostaria que você pudesse passar a noite aqui. Se realmente quisesse alguma dessas coisas, Marianne sabe, ela aconteceria. Connell sempre consegue o que quer, e depois se lamenta quando o que quer não o deixa feliz.
Soube então que o segredo pelo qual havia sacricado sua própria felicidade e a felicidade de outra pessoa foi banal desde o princípio, e inútil. Ele e Marianne poderiam ter passeado pelos corredores da escola de mãos dadas, e qual seria a consequência? Nenhuma, na verdade. Ninguém se importava.
Antes desta noite, ele não sabia como Marianne reagiria caso um dia a encontrasse na faculdade, mas agora lhe parece inevitável, e é claro que seria assim. É claro que ela falaria de um jeito engraçadinho sobre a vida sexual deles, como se fosse uma piada fofa entre os dois e não uma coisa embaraçosa. E de certo modo ele gosta disso, gosta de saber como agir perto dela.
Depois desses meses longe de casa, a vida parece muito maior, e seus dramas pessoais, menos relevantes.
"relacionamento aberto" De modo geral, percebo que os homens estão muito mais preocupados com a restrição das liberdades das mulheres do que com o exercício da liberdade pessoal deles mesmos.
Helen deu a Connell um novo jeito de viver. É como se uma tampa pesadíssima tivesse sido levantada de sua vida emocional e de repente ele pudesse respirar ar fresco. É sicamente possível digitar e mandar uma mensagem que diga: Te amo! Isso nunca lhe parecera possível, nem de longe, mas é fácil, na verdade. Claro que se alguém visse as mensagens ele caria constrangido, mas agora sabe que este é um tipo normal de constrangimento, um ímpeto quase protetor em relação a uma parte especialmente boa da vida. Ele pode se sentar para jantar com os pais de Helen, pode acompanhá-la às festas dos amigos dela, pode tolerar os sorrisos e as conversas repetitivas. Pode apertar a mão dela quando as pessoas lhe fazem perguntas sobre o futuro. Quando ela toca nele espontaneamente, aplicando um pouco de pressão em seu braço, ou até estendendo o braço para tirar um apinho de sua gola, ele sente uma onda de orgulho e torce para que os outros estejam vendo. Ser conhecido como namorado dela o planta com rmeza no mundo social, o estabelece como uma pessoa aceitável, alguém com um status especíco, alguém cujos silêncios conversacionais são ponderações, e não inaptidão social.
Você não aprende nada muito profundo simplesmente sofrendo bullying; mas ao fazer bullying com alguém, você aprende algo de que nunca vai conseguir esquecer
São engraçadas as decisões que a gente toma porque gosta de alguém, ele diz, e aí sua vida inteira muda. Acho que a gente está naquela idade esquisita em que a vida pode mudar muito por causa de decisões banais. Mas você tem sido uma boa inuência pra mim, de modo geral, eu sem dúvida sou uma pessoa melhor agora, eu acho. Graças a você.
Ela fecha os olhos. É provável que ele não volte, ela pondera. Ou volte, mas diferente. O que têm agora eles nunca mais poderão ter. Mas para ela a dor da solidão não vai ser nada se comparada à dor que costumava sentir, de não valer nada. Ele lhe trouxe a bondade como uma dádiva, e agora isso é parte dela. Enquanto isso, a vida se abre à frente dele em todas as direções ao mesmo tempo. Fizeram muito bem um ao outro. De verdade, ela pensa, de verdade. As pessoas podem mudar as outras de verdade.
Noça eu disse quirrato esperto.
Eu disse qui não mimportava por que não tenhu medo de nada. Sou muito forte e sempre faço o ben e além disso tenho o meu pede coelio e nunca quebrei um espelio na vida. Eu derrubei umas louças uma ves mas isso não conta pra má sorti.
Tô com medo. Muinta jente que trabalia na faculdadi e as peçoas da iscola di medicina vieram mi desejar sorti. Burt mi trousse umas flores e disse que eram das peçoas do departamento de psicologia. Ele mi desejou sorti. Espero que eu tenha sorti. Tenho meu pede coelio e minha mueda da sorti e minha feradura. O dotor Strauss disse não seja tão superticiozo Charlie. Isso é ciensia. Eu não sei o que é ciensia mas todo mundo fica falandu dela então devi ser algo qui ajuda a ter sorti. De qualquer forma vou ficar com meu pede coelio na mão e minha mueda da sorti na outra mão com um buracu. A mueda, quer dizer. Eu quiria poder levar minha feradura junto mas ela é pezada então vou deixar no meu cazaco.
Não mimporto muito em ser famoso. Só quero ser esperto como as outras peçoas para poder ter amigus que gostam de mim.
Era pra mi deichar intelijente. E ela dis que eles não tem direito de mi deichar intelijente porque si deus mi quizesse intelijente ele teria mi feito nascer intelijente. E não sisqueça de Adão e Eva e o pecado com a árvore do coniecimento e comer a masã e a queda. E tal ves o professor Nemur e o dotor Strauss estivessem sintrometendo em coisas que não tinham direito de sintrometer.
Eu disse que não ligo si as peçoas rirem de mim. Muinta jente ri de mim e eles são meus amigos e a gente si diverte. Burt colocou o brasso entorno dos meus ombros e disse não é com você que Nemur está preucupado. Ele não quer que as peçoas riam dele
Ela disse que para uma pessoa a quem Deus deu tão pouco você fez muito mais do que muita gente com cérebros que nunca usaram.
Depois da lição, desci e brinquei com Algernon. Nós não competimos mais.
Quanto mais inteligente você se tornar, mais problemas você terá, Charlie. Seu crescimento intelectual vai ultrapassar seu crescimento emocional. E acho que você observará que, ao progredir, haverá muitas coisas sobre as quais você vai querer falar comigo. Eu só quero que se lembre de que este é o lugar para vir quando precisar de ajuda.
Eu nunca antes tinha ouvido alguém dizer que talvez não existisse um Deus. Aquilo me deu medo, porque pela primeira vez comecei a pensar no que Deus significa.
Agora entendo que um dos motivos importantes para ir à universidade e obter uma educação é aprender que as coisas em que você acreditou a vida toda não são verdade, e nada é o que parece ser.
Não é que eu não goste de homens – ela me garantiu de olhos arregalados. – Eu estive com outros homens. Não ele, mas muitos outros. A maior parte dos homens é gentil e terna com uma mulher. Eles fazem amor lentamente, com carícias e beijos antes.
ele é simplesmente um homem comum tentando fazer o trabalho de um grande homem, enquanto todos os grandes homens estão ocupados fazendo bombas.
Mas é assustador compreender que meu destino está nas mãos de homens que não são os gigantes que um dia imaginei, homens que não têm todas as respostas.
Vejo agora que, quando Norma floresceu em nosso jardim, eu me tornei uma erva daninha, autorizado a existir apenas onde não fosse visto, em cantos e partes escuras.
Dediquei meu primeiro concerto no piano a Fay. Ela estava empolgada com a ideia de ter algo dedicado a si, mas não acho que ela de fato gostou do concerto. Isso apenas prova que você não pode ter tudo o que quer em uma mulher. Mais um argumento para a poligamia.
Crianças normais crescem muito rápido, param de precisar de você... vão embora sozinhas... esquecem-se de quem amou e cuidou delas. Mas essas crianças precisam de tudo que você pode dar durante toda a vida. – Ela riu de novo, envergonhada com a própria seriedade. – É um trabalho árduo, mas vale a pena.
Bom, quantas pessoas você conhece que estão preparadas para pegar um homem adulto no colo e deixar que mame da mamadeira? E assumir o risco de o paciente urinar ou defecar em cima deles? Você parece surpreso. Você não consegue entender, consegue, do alto de sua torre de marfim de pesquisa? O que você sabe sobre a experiência de ser excluído de todas as interações humanas, como aconteceu com nossos pacientes?
Coloquei o corpo de Algernon em um pequeno receptáculo de metal e o levei para casa comigo. Eu não ia permitir que o despejassem no incinerador. É tolo e sentimental, mas ontem à noite, bem tarde, eu o enterrei no quintal. Chorei enquanto colocava um monte de flores selvagens sobre o túmulo.
Ah, meu filho, o peso da peixeira na mão nem se compara ao que um caçador carrega nos ombros. É o peso das mortes, da vida, do equilíbrio do mundo.
percorria o agreste e o sertão sozinho, caatinga adentro, caçando de tudo. Havia resolvido casos de urubu comedor de gente viva no norte de Minas, chácaras infestadas por duendes no interior do Sergipe e até mesmo mortos que se recusavam a permanecer na tumba no Ceará. Demônios também, aos montes, tanto dos que vinham encarnados em pele de monstros, quanto dos possuidores de pessoas.
― ajudar o próximo quando não se pode ajudar a si mesmo é a definição mais pura de altruísmo.
Amor e orgulho não combinam muito.
Entendi isso mais tarde, quando tive filhos. É como ser o primeiro a passar por uma trilha, abrindo caminho na base do facão.
“Somos uma equipe, para todo o sempre. Não vai esquecer disso de novo, hein?”
Acho que a gente precisa mostrar que tem fé nas pessoas mesmo quando elas não merecem. Caso contrário não seria fé, certo?
“Às vezes parece que alguns de nós estão correndo atrás de nossos pesadelos da mesma forma que as outras pessoas correm atrás dos seus sonhos”
O que fica na história é o que você fez, não o que quase fez, não o que pensou em fazer. E fiquei orgulhoso do que fiz
“Confio tanto em você que permito que guarde segredos de mim”?
camila para karen: “Uma parte de mim queria que você tivesse filhos, porque as minhas filhas me dão muita alegria. Mas… para ser feliz como eu, você precisa de outras coisas. E são essas coisas que eu quero para você, seja o que for”. E, então, eu comecei a chorar. Por ter alguém que me entendia
Não cabe a mim contar o que aconteceu naquele dia. Só posso dizer que é preciso ficar ao lado dos amigos mesmo nos piores momentos. E segurar a mão deles nas horas mais dolorosas. Sua vida se define por quem segura sua mão. Ou pela mão de quem você decide segurar.
Se eu fosse Graham, talvez também quisesse ter filhos. Se eu soubesse que outra pessoa ia cuidar do bebê, que outra pessoa ia desistir dos seus sonhos, que outra pessoa ia sacrificar tudo enquanto eu continuaria fazendo meu lance e voltando só aos fins de semana… talvez eu também quisesse ter filhos.
Mostre-me como ensinar a Nenezinha a ser gentil, a gostar de si mesma, a amar os outros, enquanto ainda tenho tempo com ela...
Seja feliz, nobre coração; seja abençoado por todo o bem que fez e que ainda fará; e que minha gratidão permaneça na sombra assim como sua boa ação.
E agora — disse o desconhecido —, adeus bondade, humanidade, gratidão... Adeus a todos os sentimentos que regozijam o coração...! Tomei o lugar da Providência para recompensar os bons... que o Deus vingador me ceda o seu para punir os maus!