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dizem por aí que os olhos são o caminho da alma. eu, poeta assídua, diria que o trajeto para chegar a índole de letícia burigo seria através do seu sorriso.
o sorriso da moça baixa com os cabelos escuros e a pele extremamente clara davam um ar de aconchego e serenidade. a expressão séria transformava-se em leviana aos nódulos se esticarem e através dos lábios carnudos um traço risonho formar-se até aparecer os dentinhos brancos.
era bonito de se apreciar. ela poderia ser garota propaganda de creme dental, acredito.
jogar uns papos fora com letícia era como sentir-se na estação de saint-lazare enquanto observa-se o movimento do local. pesar no ar pelas despedidas, emoções ao ver os encontros dos amantes.
mas que beldade seria comparar a felicidade que a garota transmitia com as obras de monet. a natureza do seu rosto sem nenhum vestígio de maquiagem assemelhava-se a algum jardim em giverny.
rouba-me todas as estruturas quando a admiro assim, quando está expressando seu amor, sua gentileza e seu encanto.
é que quem a conhece a fundo tens sua essência nos pulmões e inspira-se cada molécula da mulher. a traqueia se rasga ao ouvir os trocadilhos ruins que ela soltava ou quando dava-se para ouvir a musica alta na outra linha do telefone, sabendo que a mesma estava remexendo os quadris a batida do som estridente.
é hipnotizante como o campo de papoula em argenteuil. ela florescia seu coração e transformava-se em nenúfares.
tão formosa. tão letícia.
porque quando a mademoiselle sorri, era cultuar como a femme en blanc au jardin e nada é mais belo no mundo ao fitar aquela imagem.
então deixa-me eu me perder na tua existência e no mar de flores que nascem na primavera do seu coração para que eu possa me perder na brisa gostosa e no calor após a aurora.
deixa-me te dizer que amo esse teu jeito único de ser apenas letícia.