Notas de coração partido #1

Estou sentindo falta do Gabriel, hoje a noite mais do que ontem. Nosso amor não era só baseado na palavra, mas também era nutrido o tempo inteiro com a presença. Nosso carinho e afeto se baseavam na nossa amizade, o Gabriel é meu melhor amigo, uma pessoa querida que eu amo e tenho muito carinho, mas que infelizmente não é mais possível manter nossa relação como namorados. A dor e a solidão nós faz esquecer tudo de difícil que aconteceu na nossa relação, e apesar de estar sentindo muita falta do nosso carinho, não consigo me esquecer do que já se passou.

Me questiono o quanto errei com ele, quanto o magoei, o quanto não consegui ser a pessoa que ele deseja. Decidi ser firme sobre o nosso término, porque entendi que eu jamais serei o que ele deseja, eu não sou suficiente para o que ele precisa e acho que jamais serei. Ouvi uma psicóloga falando esses dias que “a vida nós convida a morrer várias vezes em vida”. Acho que a minha relação, ou término dela, representa exatamente isso, um momento que vai ser necessário morrer, e por isso dói tanto.

Tenho que morrer para continuar vivendo, é tão contraditório sentir isso, mas ficou claro para mim, apesar de eu amar o Gabriel, neste momento ele não consegue ser sincero comigo, não consegue não mentir e construir uma relação no tempo que eu preciso para ela exista. Ver que ele trocou mensagens sexuais com outros caras me feriu em vários sentidos.

Primeiro me senti insuficiente, como se devesse prover uma performance um jeito de ser sexual que não consegui, como se fosse minha culpa por não conseguir suprir uma necessidade que o meu homem precisava, e portanto eu sou fraco e insuficiente e por isso mereço passar por isso.

Depois veio a raiva, e me recordei que isto que o Gabriel fez não é novo, e que parte deste comportamento é uma mau caratismo da parte dele, que às vezes ele se importa apenas com próprio prazer e com sua própria vontade de gozar plenamente, como se não houvesse limites para as ações que ele faça, o que importa é ele estar aproveitando.

Em seguida, me veio as brigas, as quebras que já tivemos, os desencontros, as palavras mal ditas, as brigas sem fim, o ódio e a raiva que nutrimos secretamente um pelo outro o distanciamento das nossas verdades individuais.

E partindo para lado mais racional, o Gabriel errou, errou muitas vezes neste âmbito sexual, muitas vezes ele priorizou as vontades próprias e os impulsos de seus desejos acima da nossa relação, mas apesar disso ele é humano, não é um monstro que me odeia, que faz isso na intenção de me machucar, a verdade que tenho dificuldade de admitir é que ele faz isso para se sentir bem, para nutrir uma falta que sente em si mesmo, e que muito provavelmente tem pouco haver comigo, se trata apenas dele.

E infelizmente a conclusão mais difícil é que neste momento, independentemente dele prometer, jurar, fazer um juramento de sangue, ele vai descumprir por que isso é maior do que ele neste momento. E eu entendo que isso é um limite para mim, é necessário, não posso acolher este comportamento, mas também não posso crucificar o Gabriel como se ele fosse um monstro.

Eu tenho plena certeza de que ele não é, mas isso também não impede de doer, de me sentir ferido e machucado.

jul 20 2025 ∞
jul 20 2025 +