• [20:38, 22/10/2020] July Rapariga: Quando a solidão doeu em mim, quando meu passado não passou por mim.

Tens o dom de ver estradas onde eu vejo fim, me convences quando falas; não é bem assim. Se me esqueço, me recordas. Se não sei, me ensinas. E se perco a direção, vens me encontrar. Tens o dom de ouvir segredos, mesmo assim me calo. E se falo me escutas, queres compreender. Se pela força da distância, tu te ausentas, pelo o poder que é na saudade, voltarás. Quando a solidão doeu em mim, quando meu passado não passou por mim. Quando eu não soube compreender a vida, tu vinheste compreender por mim. Quando meus olhos não podiam ver, tua mão segura me ajudou andar. Quando eu não tinha mais amor no peito, teu amor me ajudou amar. Quando o meu sonho vim desmoronar, me trouxeste outros para recomeçar. Quando me esqueci que era alguém na vida, teu amor veio me relembrar que não estou só que Deus cuida de mim quando fala pela tua voz que me diz coragem.

As belezas dos avessos são encantadoras. Às vezes a gente na pressa de encontrar, não vê. Quantas vezes na minha vida eu desprezei as pessoas por que eu considerei o agora? É tão doído, né? A gente ser visto a partir do presente. Quando as pessoas olham para gente e so enxergam aquilo que temos no momento. Por isso é bom observar que os amantes, eles nunca esgotam as criaturas amadas, porque o amor sobrevive de futuro, né? Ele consegue enxergar o que a gente ainda não viu. A pessoa que ama consegue enxergar o que o outro ainda não é. Vê o avesso. Vê o contrário da situação. É tão bonito a gente pensar que a beleza do tecido tem um sustento. Uma trama que está por trás de tudo isso. Compreender as pessoas, amá-las, so é possível a partir do momento que a gente entra na trama do avesso. Quando a gente não enxerga aquilo que somente os olhos podem revelar, podem conhecer, mas sobretudo aquilo que está oculto. As pessoas que nos amam nós enxergamos assim, porque conseguem enxergar o que a gente não é. Mas que a gente ainda pode ser.

Só quem já provou a dor, quem sofreu, se amargurou. Viu a cruz e a vida em tons reais. Quem no certo procurou, mas no errado se perdeu, precisou saber recomeçar. Só quem já perdeu na vida sabe o que é ganhar. Porque encontrou na derrota algum motivo para lutar. E assim viu no outono a primavera, descobriu que é no conflito que a vida faz crescer. Que o verso tem reverso, que o direito tem avesso, que o de graça tem seu preço e que a vida tem contrários. E a saudade é um lugar que so chega quem amou e o ódio é uma forma tão estranha de amar. Que o perto tem distancias, que a resposta tem pergunta e o problema solução. E que o amor começa aqui, no contrário que há em mim e a sombra só existe quando brilha uma luz. Só quem soube duvidar, pode enfim acreditar, viu sem ve e amou sem aprisionar. Quem no pouco se encontrou aprendeu multiplicar, descobriu o dom de eternizar. Só quem perdoo na vida sabe o que é amar, por que aprendeu que o amor só é amor se já provou alguma dor. E assim viu grandeza na miséria, descobriu que é no limite que o amor pode nascer.

  • Era uma vez um garotinho que vivia fugindo para as florestas ao redor da sua casa. As vezes odiava morar longe da zona urbana, porém, em dias nublados como esses, ele amava morar ali pertinho do mato. Era quase duas da tarde quando o garotinho de onze anos adentrou na floresta. Com os olhos marejados, um pouco embaçado a vista ao ponto de tropeçar em alguns galhos e pedra no chão, nariz escorrendo, mas silencioso. Ele tentava a todo custo engolir o choro, por mais que seus olhos revelassem tudo que sentia. Não sabia explicar, mas ele sempre corria para a floresta, como seu refúgio do mundo tão cruel que vivia. Encostou o pequeno ombro em um tronco enorme, uma castanhola aparentemente bem antiga. Deu umas fungadas, levei as pequenas mãos nos olhos e esfregou para limpar qualquer rastro de lagrimas. Com a visão melhor, ficou observando pequenas formiguinhas uma atrás da outra, cada uma levando uma pequena folhinha. O garoto sorriu, soltou até uma risadinha alta. Ali, em seu refúgio, sentiu calmo em observar pequenos habitantes da natureza. Ele não percebeu quando uma mulher de vestes douradas apareceu ao lado dele, parada em pé encostada no tronco da arvore.

- De novo aqui, Adimu? – questionou a recém chegada com uma voz suave como um vento no fim de tarde. O garotinho assustou e imediatamente levantou do chão dando leves batidinhas na bermuda para se limpar. Ele levantou a cabeça para encarar o ser místico que nunca soube o nome, mas sentia confortável só em olhar. – Eu vou morar aqui. Não quero mais voltar, eles me dão medo. – O garotinho sussurrou sentindo os olhos começarem arder de novo. – Eu sei, meu amado. Mas não pode fugir da sua realidade. – A mulher altíssima direcionou a mão em cima da cabeça do garoto, onde acariciou suavemente em um gesto de conforto – Eu estou sempre aqui, Adimu. Pode chorar, não contarei a ninguém. Somente eu e a floresta vamos manter esse segredo. Ao fim destas palavras, o garotinho chorou. Chorou audível. A força do choro dele parecia trovões em época de verão. Ele agarrou as pernas da mulher e escondeu o rosto no meio delas enquanto ela permaneceu com as mãos nos cabelos crespo dele em uma caricia materna. Ali, naquele momento, Adimu sentia o conforto de uma mãe. Por ser uma criança, ele nunca soube diferençar o que ela era, mas sabia que sempre estava ali para confortar, cuidar dos ferimentos e dá todo colo que o garotinho precisou. Hoje em dia, aos seus 22 anos, Adimu sabe quem era aquela mulher. Era a mãe do entardecer, mãe Oyá. Como sabia na infância que o ser o protegia, ele sabe agora adulto que ela permanece ao seu lado protegendo e cuidando. Adimu nunca está só. Adimu adora as chuvas de tarde. Adimu ama florescer. ______________________

Assim como Adimu, o que eu desejo em tua vida é teu florescer. As vezes a vida pode ser injusta com a gente. Cruel e fazer sangrar de todas as formas, mas você precisa entender que não está só. Nossos ancestrais, amigos e familiares cercam sua vida no intuito de cuidar, cultivar e guardar seu ser. Cada um tem seu jeito diferente de expressar, eu sei, mas nunca duvide o quanto as pessoas te amam. Assim como eu, nas brincadeiras a parte, eu tenho um afeto enorme por ti ao ponto de querer por você no meu colo e te ninar, te proteger e não deixar que nada de ruim desse mundo te magoe. Não é exagero, é real. Nos deslizes da vida corrida, do tempo cinza e complicado perdemos a conexão, mas nossos laços permanecem apertado, como um nó, entende? Por minha parte, não vamos desfazer nosso nó. Segure uma ponta e eu segurarei a outra. Somente peço que não solte. Nesse dia o que mais desejo são energias positivas para seu novo ciclo de vida. Eu sei que não dá importância para seu aniversário, mas é especial sim essa data. Aqui em casa, acendi uma vela e um incenso mentalizando energias positivas com todas entidades e seres de luz para te guiar nessa nova trajetória. A única coisa que lhe peço é que se ame, se cuide, se valorize e abrace mais seu corpo, sua alma, sua mente e seus sentimentos. Não se isole ou fuja de situações desconhecidas, encare tudo. Acredito que esse é seu momento, Gabriel. E o que mais desejo é que você aproveite. Feliz aniversário, meu dengo. O mundo é pequeno demais para a grandeza da sua essência. Eu amo você.

sablli13 minutos atrás @aruak muito obrigada pelos textos que escreveu nesse site, fico triste por vc excluir eles, mas entendo perfeitamente, te admiro demais, de verdade, só tenho que agradecer pelas maravilhas que trouxe pra cá

oct 23 2020 ∞
aug 10 2025 +