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É um gênero cinematográfico exclusivamente brasileiro que se estabeleceu no cenário audiovisual nacional na segunda metade do século XX, destacando-se por dar ênfase à igualdade social e ao intelectualismo. Os filmes produzidos com base no Cinema Novo tinham, também o objetivo de se oporem ao cinema até então produzido no Brasil que consistiam, principalmente em musicais, comédias e épicos ao estilo Hollywoodiano. Ainda na década de 1950 a indústria cultural e cinematográfica brasileira sofria com a falta de recursos e entraves que dificultavam a criação de produções cinematográficas de qualidade. Foi nesse período que artistas e intelectuais, possuídos por um sentimento de mudança, passaram a discutir sobre a tomada de novos rumos para o cinema nacional. A oposição CN x CM era bem menos efetiva do que costumamos acreditar, tanto entre as pessoas como entre os filmes. Críticos e cineastas já destacaram pontos de contato entre os dois movimentos. Por exemplo, os baixos orçamentos na fase inicial do Cinema Novo e no Cinema marginal. Ou a noção de autor, introduzida no Brasil pelo Cinema Novo e herdada pelo Cinema Marginal. Apesar dessas aproximações, continuamos mantendo os recortes Cinema Novo e Cinema Marginal, contemporâneos dos movimentos cinematográficos que designam. São eles que acabaram organizando nossa compreensão do cinema culto daqueles anos. Eles têm uma razão de ser, pois refletem polêmicas da época. um cinema que foi marginalizado pelos circuitos – e pela censura.
A Embrafilme (Empresa Brasileira de Filmes S/A) foi criada pela Ditadura Militar, em 1969, com objetivo de distribuir e promover filmes nacionais no exterior. Em 1975, a empresa sofreu um redirecionamento, tornando-se mais ágil para a disputa no mercado cinematográfico, começando a produzir e distribuir filmes brasileiros. Durante os anos seguintes seu o sucesso foi expressivo, tendo conquistado cerca de 40% do mercado, incomodando as companhias norte-americanas. A Embrafilme foi comandada pelo cineasta Roberto Farias. muito próxima dos cineastas, a empresa produzia filmes comerciais e autorais, respeitando muitas vezes a legitimidade de alguns diretores e produtores e não o fortalecimento da indústria cinematográfica como um todo. A crise econômica dos anos 80 e a incapacidade do Estado em ampliar os investimentos na Embrafilme foram, aos poucos, tornando a empresa incapaz de competir e regular o mercado cinematográfico. Até que em 1990, o então presidente Fernando Collor de Mello, decretou o fim da empresa, do Conselho Nacional de Cinema (Concine) e da Fundação do Cinema Brasileiro, em uma atitude que simbolizou o encerramento de um ciclo da história cinematográfica brasileira. Um dos principais efeitos do desmonte da estrutura institucional do cinema brasileiro, em 1990, foi a paralisação quase total da produção de filmes nacionais de longa-metragem, pela inexistência de mecanismos oficiais de fomento e financiamento aos produtores e realizadores. A criação da Lei Rouanet, em 1991, e a Lei do Audiovisual, em 1993, foram instrumentos muito relevantes para o restabelecimento da atividade cinematográfica brasileira e, de certa forma, serviram como uma nova esperança para os cineastas.
A popularização do videocassete fez com que o cinema nacional entrasse em declínio. Além disso, a situação econômica no país piorava a cada dia e a dívida externa atingia números alarmantes. Não havia recursos nem para que os cineastas produzissem filmes, nem para que os espectadores pudessem pagar os ingressos. Nesse contexto, os proprietários das salas de cinema passaram a lutar contra a lei da obrigatoriedade da exibição de filmes brasileiros.
Cidade de Deus abriu as portas para produções como Tropa de Elite (2007) de José Padilha – um dos maiores fenômenos nacionais, já que ganhou fama por meio de cópias de DVDs piratas e somente depois conquistou o público nos cinemas. É nesse período que os filmes brasileiros se consolidaram como opções “vendáveis” no mercado. Em 2013, mais de 120 longas chegaram às telas, muitos deles com públicos acima de um milhão de espectadores. Comédias populares, como De Pernas pro Ar (2010) e Minha Mãe é uma Peça (2013), passaram a utilizar uma estética para atrair as grandes massas. Ao mesmo tempo em que as comédias têm conquistado sucesso comercial, produções independentes brasileiras cada vez mais ganham espaço nos festivais de cinema internacionais, como destaque, o cineasta Kleber Mendonça Filho, diretor de Aquarius, O Som Ao Redor e Bacurau.