- não teria feito a menor diferença se ela tivesse me dado uma passagem para a europa ou um cruzeiro ao redor do mundo, porque onde quer que eu estivesse - fosse o convés de um navio, um café parisiense ou bangcoc -, estaria sempre sob a mesma redoma de vidro, sendo lentamente cozida em meu próprio ar viciado.
- era como se eu quisesse matar uma coisa que não estava sob aquela pele, nem no pulso fino e azulado que latejava sob meu polegar – estava em algum outro lugar, mais fundo, mais secreto e muito mais difícil de chegar.
- me vi sentada embaixo da árvore, morrendo de fome, simplesmente porque não conseguia decidir com qual figo eu ficaria. eu queria todos eles, mas escolher um significava perder todo o resto, e enquanto eu ficava ali sentada, incapaz de tomar uma decisão, os figos começaram a encolher e ficar pretos e, um por um, desabaram no chão aos meus pés.
- o silêncio me deprimia. não era o silêncio do silêncio. era o meu próprio silêncio.
- me sentia muito calma e muito vazia, do jeito que o olho de um tornado deve se sentir, movendo-se pacatamente em meio ao turbilhão que o rodeia.
jan 15 2019 ∞
may 17 2019 +