• lorena “lóris” freitas · 18 anos · 19.12 · sagitariana · comunicação

lóris gosta horrores de melancia. teve uma adolescência conturbada (“e qual adolescência que não foi perturbada?”, ela vai te perguntar, se você disser que teve uma adolescência conturbada pra ela), não sabia o que queria estudar e não queria fazer o que os outros queriam que ela fizesse, só de birra. aliás, “só de birra” descreve boa parte da vida dela — é difícil parar de ser assim, é difícil, mas ela segue tentando. gosta de cachorro, gosta de gato, gosta muito de todo tipo de bicho (menos de calango. calango é uma desgraça. e barata, então, nem se fala). detesta moscas, mais até do que mosquito. acha difícil se descrever de maneira linear, porque pra ela pouca coisa na vida é desse jeito. o que é que ela vai fazer se não se lembrar de citar aquela banda lá que descobriu no tumblr quandpo tinha 15 anos, e que ninguém mais conhece? ou aquela época em que usava o cabelo de um jeito esquisito, e, por algum motivo, sempre passava lápis de olho? vai entender. lóris queria ter amigos de infância, mas não teve a felicidade. já que não tem amigos de infância mesmo, lóris queria ter se mudado pra outra cidade e começar a vida do zero, mas nada de isso acontecer.

fatos concretos que ela poderia dizer sobre a vida: o nome do seu pai é sérgio, o nome da mãe é regina. não tem ninguém além dos três na família (ela sempre quis um irmão, só pra sentir que tinha alguém pra entender a vida dela vista de dentro), mas ela se dá bem demais com algumas tias de segundo grau, e com um tio. bebe muita água, gosta muito de ver filmes no esquema vou-ver-todos-os-filmes-desse-diretor-aqui. ainda nessa pauta, gosta muito dos filmes do edgar wright, que misturam temas clichês com roteiro pastelão. ouve música triste e chora sozinha, às vezes, o que não significa que a vida seja ruim; pelo menos agora, já que não morava com os pais, sabia que ninguém ia abrir a porta do quarto e perguntar porque ela estava chorando, nem se recusar a acreditar quando ela respondia “tô ouvindo música, ué”. gosta de fazer panquecas com uma galera que conheceu na faculdade, e passa pouco tempo sem falar quando está com eles; isso aqui é como parece que ela é por dentro, às vezes. categorias. sentimentos. tudo separado no seu canto e dito com calma, porque ela tem medo de explodir. isso não impede que ela ria e se divirta e fique rodando no mesmo lugar, como fazia nas aulas de educação física, no canto da quadra, porque a sensação de não ter controle é boa (hoje em dia, ela tem bebidas, então o risco de cair é... quer dizer não é tão... ah, esquece). gosta de tentar um monte de coisas pra ver se a pele para de insistir em voltar pra puberdade e estourar uma espinha ou outra aqui e ali, mas sempre conclui que não vai saber se deu certo, porque não tem paciência de ficar num método só por muito tempo.

lóris sorri toda vez que vê uma borboleta. lóris chora pensando que tem amigos, que eles são bons e que ela tem sorte. lóris conha em conhecer a vocalista da sua banda favorita, mas não sabe o que falaria pra ela quando isso finalmente acontecesse. lóris não sonha em ter um grande amor, tá tudo bem ser só jovem e lidar com as tarefas da faculdade e da vida — lóris indica filmes pra desconhecidos no tinder. lóris gosta de café. lóris faz café todo dia, não pra ela, mas, em grande parte, pros outros (pra ela também). lóris coleciona lembranças de dias bons num potinho que tem dentro do guarda-roupa. lóris gosta de palavras cruzadas e sudoku, porque é bom pro cérebro. lóris queria ter um bicho, mas precisa de um bom nome antes (e lóris sabe que isso é besteira). ela gosta de ler biografias tristes (ou a famosas histórias baseadas em fatos reais), mas não sabe exatamente o porquê. prefere fones de ouvido que têm a borrachinha àqueles que são duros e fazem o seu ouvido doer, o que é algo importante a se saber. tá até hoje tentando entender se é comunista ou socialista, se tem alguma diferença, e se acha que algum dos dois conseguiria ser aplicado num contexto tão fresco do pós-capitalismo (lóris prefere largar pra lá quando a cabeça começa a doer de tanto pensar nisso aí). seu sorvete preferido é o de paçoca, e o picolé preferido é o de milho-verde. viajou pouco, mas queria viajar mais; foi a uns três shows, e gosta de pensar que está vivendo a adolescência como pode. quer aprender a tocar violão, mas... é difícil, né?

lóris entrou pro curso de comunicação, mas fica pensando o que tá fazendo ali, às vezes, porque morre de medo de não dar conta. será que ela sabe se comunicar? será que tem a ver alguma coisa?

lóris de vez em quando pensa: devia ter feito letras. pelo menos o alfabeto eu sei. se lamenta em não existir curso pra piadista, mas pensa que o seu humor é particular demais pra ela conseguir o primeiro lugar, e dá de ombros.

lóris pensa como seria sua vida se o seu nome não fosse lorena, e sim giselda. é meio frustrante pensar que teria a oportunidade de usar "zelda" como apelido, o que é extremamente maneiro, mas, bom, não é lóris.

(e se nem a lóris sabe quem é direito, imagina eu, pra explicar pra você?)

  • carlos eduardo “cadu” moraes · 18 anos · 01.04 · ariano · ciência da computação

(tá, mas o que eu escrevo?...)

er, eu sou o cadu, ou o carlos eduardo moraes, depende do meu humor. vou falar um pouco de mim, mas lembre-se sempre que existem um bocado de narradores não confiáveis por aí. nasci no dia da mentira, mas não sou tão mentiroso assim. eu fui basicamente jogado no mundo pelos meus pais depois dos 16 anos, tenho trabalhado com tudo o que você pode imaginar: supermercado, panfletagem, lava rápido, até chegar no famoso emprego na lan house da esquina. esse é literalmente o nome do local: lan house da esquina (onde eu aprendi a amar computadores e tecnologia ruim)

desde que eu decidi que ia sair daquela cidade e voltar para cá, eu comecei a guardar o máximo de dinheiro possível. eu sabia que meus pais iriam continuar se mudando conforme bate o desespero neles de começar uma nova vida, mas eu queria me fixar em algum lugar e por que não na minha cidade natal? então, nos dois últimos anos do ensino médio, eu literalmente me matei para passar em uma faculdade boa (e pública) e ter dinheiro suficiente para não passar fome ao voltasse pra cá. quando finalmente o resultado do vestibular chegou, eu arrumei minha mochila e dei um abraço no gabriel, e prometi pra ele que iria deixar tudo organizado pra quando ele tivesse idade suficiente pra sair de casa também.

gabriel é meu irmão de 12 anos: o moleque é uma peça! eu me divirto muito com ele e acho que é o que eu mais sinto falta em casa. ele e o scott, nosso golden falsificado. quando eu tinha a idade do gabriel, minha mãe, joana, chegou toda contente com um cachorro em casa. falou que tinha pedigree e tudo mais, e que uma das donas do clube da cidade tinha dado pra ela - anos depois eu descobri que ela tinha pagado por ele, na real. nunca vi cachorro mais vira lata e preguiçoso na face da terra, mas ele sempre vai ser meu melhor amigo. coé, o cachorro me buscava na escola: JURO! foi pra ele que eu contei que estava namorando a menina mais bonita da 8ª série. e depois contei no 1º ano que ela tinha me traído com o meu "melhor" amigo. mas depois que eu parei de ter tempo para respirar, ele foi se apegando ao gabriel. mas ainda aparecia de noite no meu quarto pra dormir comigo. fico feliz que o gabriel tem um bom amigo depois que eu fui embora.

enfim, os dramas familiares: meus pais sempre foram do tipo "a gente dá um jeito" e isso fez a gente passar por muito perrengue e como eu sou o mais velho, acabou sobrando um pouco pra mim. mas eu sempre tive muito na minha mente que o gabriel não precisava passar por isso também. eu acho que uns 3 anos depois que o gabriel nasceu, as coisas começaram a encaminhar e meu pai, joão, parou de inventar coisas e querer ser o empreendedor do ano, e arrumou um emprego. em partes, eu acho que isso matou ele por dentro, mas são coisas que temos que aceitar, certo?!

eu consegui salvar uma grana pra pagar três meses de uma república perto da faculdade, assim, eu iria de bicicleta e economizaria muito. o bandejão da universidade seria meu melhor aliado na sobrevivência da cidade grande e cara. assim que eu cheguei comecei a fazer várias entrevistas e arrumei um emprego em uma famosa rede de cafeterias do mundo, que eu não vou falar o nome para não fazer merchan.

trabalhar na cafeteria, além de me salvar nos próximos meses, vem me rendendo uns bons casos. as meninas adoram quando eu pergunto o nome delas e coloco um coração do lado. é meu charme.

sou vegetariano descobri que bebida ajuda a dormir depois de um tempo eu gosto mais do calor do que do frio, mas o outono é minha estação favorita se eu não estivesse tão cansado, eu seria um ótimo leitor não acredito em destino, mas tenho minhas dúvidas descansar a mente é deitar no chão e olhar o céu enquanto toca math rock, que ninguém sabe o que é talvez eu acredite em deus, quem sou eu pra dúvidar não acredito tanto no amor quanto eu gostaria, mas me divirto bastante com paixões claramente tenho que ter uma banda, aprender a dar mortal e fazer gol de bicicleta antes de morrer

no meu tempo vago, eu estudo e muito! ciência da computação é matemática, matemática, matemática e mais matemática, mas a pior parte é sempre desenhar fluxogramas. eu só queria programar, fazer parte de algo novo e surreal. com meu notebook caindo aos pedaços, não consigo muito.

mas ainda é só aquele lance de abraçar o mundo todo de uma vez.

mar 23 2020 ∞
mar 30 2020 +