ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ ㅤ memorable excerpts
- merece! ouso dizer que sim. muitos que vivem merecem a morte. e alguns que morrem merecem viver. você pode dar-lhes vida? então não seja ávido para julgar e condenar alguém a morte. pois mesmo os muito sábios não conseguem ver os dois lados — senhor dos anéis: a sociedade do anel
- a vida é sofrimento, e sobreviver é encontrar significado na dor, se há, de algum modo, um propósito na vida, deve haver também um significado na dor e na morte — em busca de sentido
- arte no campo de concentração será possível isso?[...] ajuda a tal ponto que alguns prisioneiros comuns, não privilegiados, vêm para esse teatro mesmo exaustos da labuta do dia, e mesmo perdendo por isso a distribuição da sopa — em busca de sentido
- a possibilidade de optar por viver a vida como uma arte, mesmo em pleno campo de concentração, é dada pelo fato de a vida ali ser muito rica em contrastes — em busca de sentido
- a vida é como estar no dentista: a gente pensa que o principal ainda vem, quando na realidade já passou — em busca de sentido
- nenhum ser humano e nenhum destino pode ser comparado com o outro; nenhuma situação se repete — em busca de sentido
- nossa atual filosofia de higiene mental acentua a ideia de que as pessoas deveriam ser felizes, que infelicidade é sintoma de desajuste. esses sistema de valores poderia ser responsável pela circunstância de o fardo de infelicidade inevitável ser acrescido da infelicidade pelo fato de a pessoa ser infeliz — em busca de sentido
- mas a felicidade não pode ser buscada, precisa ser decorrência de algo. esta necessidade de uma razão é similar a outro fenômeno humano - o riso. se você quer que alguém ria, você deve dar-lhe uma razão, tem que contar-lhe uma piada, por exemplo — em busca de sentido
- quando alguém vive tanto quanto eu, replicou o dev, percebe que crueldade e benevolência são tonalidades da mesma cor. você fez sua escolha? — o silêncio das montanhas
- dizem que a gente deve encontrar um propósito na vida e viver esse propósito. mas, ás vezes, só depois de termos vivido reconhecemos que a vida teve um propósito, e talvez um que nunca se teve em mente — o silêncio das montanhas
- agora sei que algumas pessoas lidam com a infelicidade da mesma maneira como outras lidam com o amor: de um jeito particular, intenso e sem apelação — o silêncio das montanhas
- certa vez li, monsieur boustouler, que se uma avalanche nos enterrar, quando se está soterrado por toda aquela neve, não dá para dizer o que está em cima ou embaixo. nós queremos nos desencavar, mas se escolhermos o caminho errado vamos entrar mais fundo até morrermos — o silêncio das montanhas
- quando eu era garotinha, meu pai e eu tínhamos um ritual noturno. depois de eu recitar meus vinte e um bismillahs e me acomodar na cama, ele sentava ao meu lado e extraía os sonhos ruins da minha cabeça com o polegar e o indicador. os dedos passavam de minha testa ás têmporas, com toda a paciência, procurando atrás das orelhas, em minha nuca, e ele fazia um som — pop, como uma garrafa sendo desarrolhada — para cada pesadelo que expurgava em meu cérebro. guardava os sonhos ruins, um por um, num saco invisível no colo e amarrava o cordão bem apertado. depois tateava o ar, procurando sonhos felizes para substituir aqueles que havia removido. eu ficava olhando ele quando ele inclinava levemente a cabeça e franzia o cenho, os olhos viajando de uma lado para o outro, como se ele se esforçasse para ouvir uma música distante. eu ouvia minha respiração, esperando o momento em que a expressão do meu pai se abriria num sorriso e ele cantarolaria: ah, aqui está um, e estenderia as mão em concha para deixar o sonho pousar em suas palmas, como uma pétala caindo devagar de uma árvore. então, delicadamente, muito delicadamente — meu pai dizia que todas as boas coisas da vida são frágeis e que podem ser perdidas com muita felicidade —, ele levava as mãos até meu rosto, esfregava as palmas em minha testa e a felicidade em minha cabeça — o silêncio das montanhas
- afinal, o valor de uma ideia nada tem que ver com a sinceridade do homem que a exprime — o retrato de dorian gray
- vivemos numa idade em que os homens só compreendem a arte sob uns aspecto autobiográfico. perdemos o sentido abstrato da beleza — o retrato de dorian gray
- quanto, pensava lorde henry, deviam ser deliciosas as emoções dos outros! muito mais deliciosas que suas ideias, parecia-lhe! — o retrato de dorian gray
- o fim da vida é o desenvolvimento da personalidade — o retrato de dorian gray
- as palavras! as simples palavras! como são terríveis! quantas são límpidas, fulgurantes ou cruéis! bem quiséramos evitá-las. no entanto, que sutil magia há nelas?... dir-se-ia que dão uma forma plástica ás coisas informes e que possuem uma música própria, tão doce como a do alaúde ou a de um violino! as simples palavras! que há de mais real que as palavras? — o retrato de dorian gray
- — que horror! — clamou lorde henry — posso admitir a força brutal, mas a razão brutal é insuportável! há qualquer coisa de injusto no seu império. confunde a inteligência — o retrato de dorian gray
- há não sei o quê de terrivelmente doentio na piedade moderna. podemos emocionar-nos com as cores, a beleza, a alegria de viver. isto vale muito mais, quanto menos nos referimos a chagas sociais — o retrato de dorian gray
- a humanidade sujeita-se muito aos sérios; é o pecado original do mundo. se os homens das cavernas soubessem rir , a história teria sido bem diferente — o retrato de dorian gray
- há uma espécie de voluptuosidade em nos fazermos acusações. quando nos censuramos, supomos que nenhum outro tem o direito de nos fazer o mesmo. é a confissão e nunca o padre que nos absolve — o retrato de dorian gray
- se o pensamento chegava a exercer uma influência no organismo vivo, essa influência não poderia estender-se ás coisas mortas inorgânicas? as coisas exteriores relativamente a nós sem pensamento ou desejo consciente, não poderiam vibrar de conformidade com os nossos humores e paixões, o átomo atraindo o átomo em um amor secreto ou por uma estranha afinidade? — o retrato de dorian gray
- entretanto, supondo mesmo que tudo não passasse de uma ilusão, não era alarmante pensar que a consciência lhe poderia suscitar fantasmas iguais, dar-lhes formas visíveis e fazê-los mover-se? — o retrato de dorian gray
- se um homem vive como artista, seu cérebro é seu coração — o retrato de dorian gray
- o drama da velhice não estar em ser-se velho, mas em ter sido moço — o retrato de dorian gray
- tu és o tipo que nossa época procura, mas que receia ter encontrado. estimo que nunca tenhas feito nada: nem modelado uma estátua, nem pintado uma tela, nem produzido outro coisa senão tu mesmo!... tua arte foi tua vida. tu mesmo te puseste em música. teus dias são teus sonetos — o retrato de dorian gray
may 28 2020 ∞
jan 7 2021 +