- como eu era boa em ser criança, e como era péssima em ser fosse lá o que eu fosse naquele momento
- muitas vezes nada conseguia me livrar do medo, mas, em outras, só ouvir daisy já resolvia. ela conseguia consertar alguma coisa dentro de mim, e eu já não sentia mais como se estivesse num redemoinho, ou sendo sugada por uma espiral que só se afunilava. eu não precisava recorrer a comparações. estava dentro de mim mesma de novo
- quero ler para você algo que virginia woolf escreveu: “o inglês, capaz de expressar os pensamentos de hamlet e a tragédia de lear, não tem palavras para o calafrio e a dor de cabeça… uma simples colegial, quando se apaixona, tem shakespeare ou keats para expressar o sentimento em seu lugar, mas deixem um sofredor tentar descrever uma dor de cabeça a um médico e a língua logo se torna árida.” o ser humano é tão dependente da linguagem que, até certo ponto, não conseguimos entender o que não podemos nomear. por isso presumimos que as coisas sem nome não são reais. usamos termos genéricos, como maluco ou dor crônica, termos que ao mesmo tempo marginalizam e minimizam. dor crônica não exprime a dor inescapável, persistente, constante, opressiva. e o termo maluco chega até nós sem nem um pingo do terror e da preocupação que dominam você. e nenhum dos dois transmite a coragem das pessoas que enfrentam esse tipo de dor, e é por isso que eu encorajaria você a enquadrar sua condição mental numa palavra que não maluca
may 17 2020 ∞
feb 10 2022 +