• reverberando o trabalho de erich fromm, ele define o amor como “a vontade de se empenhar ao máximo para promover o próprio crescimento espiritual ou o de outra pessoa”. para desenvolver a explicação, ele continua: “o amor é o que o amor faz. amar é um ato da vontade — isto é, tanto uma intenção quanto uma ação. a vontade também implica escolha. nós não temos que amar. escolhemos amar”. (sobre a palavra espiritual, ver quote mais abaixo)
  • [!!!!!!!] esse processo de investimento em que a pessoa amada se torna importante para nós é chamado “catexia”. em seu livro, peck enfatiza corretamente que em geral se “confunde a catexia com o amor”. todos sabemos que indivíduos que se sentem conectados a alguém pelo processo de catexia frequentemente insistem que amam a outra pessoa, mesmo magoando-a ou negligenciando-a. o que eles sentem é catexia, mas insistem que é amor.
  • quando entendemos o amor como a vontade de nutrir o nosso crescimento espiritual e o de outra pessoa, fica claro que não podemos dizer que amamos se somos nocivos ou abusivos. amor e abuso não podem coexistir. abuso e negligência são, por definição, opostos a cuidado.
  • a grande maioria de nós vem de famílias disfuncionais nas quais fomos ensinados que não éramos bons, nas quais fomos constrangidos, abusados verbal e/ou fisicamente e negligenciados emocionalmente, mesmo quando nos ensinavam a acreditar que éramos amados. para a maioria das pessoas, é simplesmente ameaçador demais aceitar uma definição de amor que não nos permitiria mais identificar o amor em nossas famílias.
  • o cuidado é uma dimensão do amor, mas somente cuidar não significa que estamos amando.
  • se o objetivo da pessoa é a autorrecuperação, o bem-estar de sua alma, confrontar o desamor de modo honesto e realista é parte do processo de cura.
  • [...] amor como “a vontade de se empenhar ao máximo para promover o próprio crescimento espiritual ou o de outra pessoa”
  • muitos de nós se sentem mais confortáveis com a ideia de que o amor pode significar qualquer coisa para qualquer um precisamente porque, quando o definimos com precisão e clareza, isso nos deixa cara a cara com o que nos falta.
  • algumas pessoas têm dificuldade com a definição de amor de peck porque ele usa a palavra “espiritual”. ele se refere àquela dimensão de nossa realidade mais íntima em que a mente, o corpo e o espírito são um só. o indivíduo não precisa ser praticante de uma religião para abraçar a ideia de que existe um princípio que anima o self — uma força vital (alguns de nós a chamamos de alma) que, quando alimentada, aumenta nossa capacidade de sermos inteiramente autorrealizados e aptos a nos relacionarmos em comunhão com o mundo ao nosso redor. (individuação)
  • [!!!!!!!] começar por sempre pensar no amor como uma ação, em vez de um sentimento, é uma forma de fazer com que qualquer um que use a palavra dessa maneira automaticamente assuma responsabilidade e comprometimento.
  • quando crianças como essas são mimadas, seja materialmente ou por meio de permissão para fazer birra, trata-se de uma forma de negligência. essas crianças, embora não tenham sido abusadas nem abandonadas, em geral são tão confusas em relação ao significado do amor quanto as que foram negligenciadas e emocionalmente abandonadas. ambos os grupos aprenderam a pensar o amor principalmente relacionado a bons sentimentos, num contexto de recompensa e punição.
  • [...] as mulheres são estimuladas pela socialização machista a fingir e manipular, a mentir como forma de agradar. lerner destaca as várias formas como o fingimento e a mentira constantes alienam as mulheres de seus verdadeiros sentimentos, e como isso leva à depressão e à perda da autoconsciência.
  • essa inabilidade para se conectar com os outros carrega consigo uma inabilidade para assumir responsabilidade por causar dor.
  • pessoas honestas, abertas e que falam a verdade valorizam a privacidade [...] manter segredos comumente se relaciona ao poder, a esconder e reter informação.
  • somos ensinados a temer a verdade, a acreditar que ela sempre dói. somos encorajados a ver pessoas honestas como ingênuas, como perdedores em potencial.
  • dimensões importantes da autoestima: “a prática de viver conscientemente, a autoaceitação, a autorresponsabilidade, a autoafirmação, viver com propósito e praticar a integridade pessoal”
    • “autoafirmação” [...] a disposição de se posicionar em favor de si mesmo, de ser quem sou abertamente, de me tratar com respeito em todos os encontros humanos.
  • muitas pessoas querem que o amor funcione como uma droga, dando-lhes um êxtase imediato e prolongado. elas não querem fazer nada, apenas receber passivamente uma sensação boa. na cultura patriarcal, os homens são especialmente inclinados a ver o amor como algo que deveriam receber sem esforço [...] quando a prática do amor nos convida a entrar num espaço de felicidade potencial, que é ao mesmo tempo um espaço de despertar crítico e dor, muitos de nós viramos as costas.
  • amar bem é a tarefa em todas as relações significativas, não apenas nos laços românticos.
  • saber como estar sozinho é central para a arte de amar. quando somos capazes de ficar sozinhos, podemos estar com os outros sem usá-los como válvula de escape.
  • as maiores recompensas da vida inteira virão do fato de vocês abrirem seus corações para os que estão precisando. as maiores bênçãos vêm sempre de ajudar os outros. (e que seja sempre assim, pra mim)
  • para alguém que não conheceu o amor, é difícil confiar que a satisfação e o crescimento mútuos possam ser o fundamento mais importante de uma relação a dois. é possível que esse alguém só compreenda e acredite em dinâmicas de poder, nas quais um precisa estar em cima e o outro, embaixo, em uma luta sadomasoquista por dominação; ironicamente, ele talvez se sinta “mais seguro” quando opera dentro desses paradigmas. íntima da traição, essa pessoa pode ter fobia à confiança.
  • a prática do amor não oferece um lugar de segurança. nós nos arriscamos a perder, a nos magoarmos, a sentir dor. (é ingênuo querer se arriscar?)
  • a necessidade dolorosa criada pela falta de amor só pode ser preenchida aprendendo outra vez a amar e ser amado. nós devemos descobrir por contra própria que o amor é uma força tão real quanto a gravidade, e que ser sustentado pelo amor todos os dias, a cada hora, a cada minuto, não é fantasia — é desejado que este seja o nosso estado natural.
  • quando estamos comprometidos em fazer o trabalho do amor, nós escutamos até quando nos dói.
  • viver numa cultura em que somos encorajados a procurar alívio rápido para qualquer dor ou desconforto criou uma nação de indivíduos facilmente devastados pela dor emocional, embora ela seja relativa. quando encaramos a dor nos relacionamentos, nossa primeira reação geralmente é cortar os laços em vez de manter o compromisso. (entendi, bell, mas me deu um pouquinho de vontade de morrer. espero que entenda)
  • elas fogem do amor antes de conhecer a sua graça. a dor pode ser o limiar que precisam cruzar para participar da felicidade do amor. ao fugir da dor, elas nunca conhecem a totalidade do prazer de amar.
  • cultivar um coração generoso, que é, de acordo com salzberg, “a qualidade mais importante de uma mente desperta”. (trying, trying...)
  • amor como uma ação, “essencialmente um ato da vontade”. ele afirma: “amar alguém não é apenas um sentimento forte: é uma decisão, um julgamento, uma promessa. se o amor fosse apenas um sentimento, não haveria base para a promessa de amar um ao outro para sempre. o sentimento vem e pode ir-se”.
  • uma conexão da alma é uma ressonância entre duas pessoas que reagem à beleza essencial da natureza individual uma da outra, por trás das fachadas, e se conectam num nível mais profundo. esse tipo de reconhecimento mútuo oferece o catalisador para uma alquimia potente. é uma aliança sagrada cujo propósito é ajudar ambos os parceiros a descobrir e realizar seus potenciais mais profundos. enquanto uma conexão do coração nos permite apreciar as pessoas que amamos do jeito como são, uma conexão da alma abre uma dimensão mais ampla — vê-las e amá-las pelo que elas poderiam ser, e pelo que nós podemos nos tornar influenciados por elas.
  • quando nos comprometemos com o amor verdadeiro, estamos comprometidos a sermos mudados, a sermos afetados pela pessoa amada de uma maneira que nos permite ser mais autorrealizados. esse compromisso com a mudança é uma escolha.
  • corações feridos se afastam do amor porque não querem fazer o trabalho de cura necessário para sustentar e nutrir o amor.
  • [!!!!] a presença da dor em nossa vida não é um indicativo de disfunção.
  • fazer a escolha fundamental de ser salva não significa que não precisemos de apoio com problemas e dificuldades. é simplesmente o gesto inicial de assumir responsabilidade pelo nosso bem-estar, admitindo que estamos partidos, admitindo nossos ferimentos.
  • raramente, se é que isso acontece, nós nos curamos em isolamento. a cura é um ato de comunhão.
  • o amor redime.
  • o espaço de nossa falta também é o espaço da possibilidade. conforme ansiamos, nos preparamos para receber o amor que está vindo para nós como um presente, uma promessa.
  • a paz não é o oposto do desafio e da dificuldade [...] a paz é encontrada não na ausência de desafios, mas em nossa capacidade de estar em dificuldade sem julgamento, preconceito e resistência.
  • sermos amorosos não significa que não seremos traídos. o amor nos ajuda a encarar a traição sem perder nosso coração. e isso renova nosso espírito, para que possamos amar novamente. não importa quão dura ou terrível seja nossa vida, ao rejeitar o desamor — ao escolher o amor — podemos ouvir as vozes da esperança que falam ao nosso coração.
dec 19 2021 ∞
jan 12 2022 +