🎓 ┊ eletiva, prof. jackson (2025/1)
𝔦. — 𝔦nformação:
- o que é e como ela deve ser apresentada?
- depende do público para qual ela está sendo produzida.
- citação é influência teórica:
- criar paráfrases quando necessário
- não existe informação neutra (desinformação também é informação)
- a atividade de leitura completa a atividade de escrita
- objetivo e método estão sempre ligados
𝔦𝔦. — lóg𝔦ca argumentat𝔦va: prem𝔦ssa, tese, conclusão e bibliografia
- na ciência, escrever é produzir sentido sob regras de justificação racional.
- um texto acadêmico não se organiza por fluxos livres de pensamento, mas por relações lógicas entre preposições: o que se afirma precisa ser sustentado e o que se sustenta precisa levar a uma consequência.
- a argumentação é a espinha dorsal do texto acadêmico: sua estrutura é formal.
- todo texto/argumento bem estruturado pressupõe a lógica básica:
- premissa: preposições que funcionam como base do argumento, oferecendo dados, ideias ou princípios aceitos como ponto de partida.
- tese: posição central que se deseja defender.
- conclusão: resultado lógico das relações entre as premissas e a tese. reafirma o percurso argumentativo mas pode também expandir implicações ou sugerir desdobramentos. ex:
- premissa 1: a meritocracia pressupõe igualdade de oportunidades.
- premissa 2: a sociedade brasileira é profundamente desigual.
- tema: a meritocracia não pode ser usada como critério justo de avaliação social.
- erro: confundir tese com tema!
- tese: posição analítica clara sobre um recorte específico desse tema, formulada como afirmação que pode ser debatida, defendida, refutada.
- tema: campo geral de interesse (ex: violência, juventude, políticas públicas).
- ex: tema: juventude e trabalho. tese: a entrada precoce de jovens periféricos no mercado informal de trabalho funciona como dispositivo de reprodução da desigualdade.
- progressão lógica do argumento: cada parágrafo como elo de cadeia. a construção da argumentação se dá em encadeamento progressivo onde cada parágrafo desenvolve uma idea derivada da tese e relacionada às anteriores.
- um argumento válido:
- segue uma lógica interna (não contradiz premissas);
- é pertinente ao problema (não foge do foco);
- é sustentado por fundamentos teóricos e empíricos (não se baseia apenas em opinião).
- o papel do contra-argumento é fortalecer a tese pela dialética.
- a argumentação acadêmica não se fecha em sí mesma, mas antecipa objeções e constrói respostas. isso é feito por meio de discurso contra-argumentativo, que serve para reconhecer pontos/posições divergentes e reforçar a validade da tese. a capacidade de dialogar com outras posições é sinal de maturidade argumentativa.
- uso da bibliografia na sustentação de argumentos:
- a bibliografia não é mero pano de fundo ou requisito formal e sim parte da arquitetura do pensamento científico.
- "a citação pode introduzir ou complementar um pensamento, mas nunca encerrá-lo" ⤳ não termine parágrafo com citação!
- contrói um campo de diálogo ativo, onde o autor da pesquisa se posiciona diante de ideias já formuladas.
- é uma ferramenta epistêmica.
- fundamentos teóricos e autoridade intelectual:
- citar bem é mobilizar o conceito certo, no momento certo para iluminar o ponto certo.
- não se trata apenas de usar a citação como argumento de autoridade (apenas para validar o que se pensa), mas de reconhecer que o pensamento se constrói com base em tradições teóricas, categorias analíticas e contribuições acumuladas.
- citações servem para fundamentar um ponto de vista do pesquisador e dar autoridade ao argumento.
- diferenciar citação explicativa, ilustrativa e crítica:
- explicativa: apresenta conceitos e ideias fundamentais para o entendimento do tema.
- ilustrativa: reforça uma observação empírica ou contextualiza um fenomeno.
- crítica: contrapõe ideias, tensiona teorias ou elabora uma sintese superadora.
- citação direta pode engessar a escrita ⤳ faça paráfrase!
- citação indireta, se bem feita, demonstra domínio do conteúdo e capacidade de síntese.
- coesão e fluidez: integração da bibliografia ao texto.
- a bibliografia deve estar organicamente integrada ao texto e não aparecer como corpo estranho.
- evitar rupturas estilisticas, excesso de aspas ou acúmulo de autores desconectados.
- deve ser articulada a ideia central do parágrafo e contribuir diretamente com a linha de argumento.
- evitar uso instrumental e automático da bibliografia.
- citação não deve ser usada como adorno ou enchimento.
- é preferível usar menos autores, mas bem trabalhados.
- a qualidade da articulação importa mais que a quantidade de nomes citados.
- a bibliografia como posição política no campo do conhecimento
- a escolha da bibliografia não é neutra. ela reflete o posicionamento teórico-epistemológico do autor. a escolha precisa ser consciente, justificada e coerente com os objetivos da pesquisa.
𝔦𝔦𝔦. — estrutura de um parágrafo:
- do que ele vai tratar: tópico frasal
- desenvolver: fundamentação, explicações, exemplos;
- concluir: fechamento da ideia ou gancho p/ o próximo parágrafo
- um parágrafo, uma ideia: evitar excesso de ideias ou dispersão
- progressão entre parágrafos: continuidade e encaminhamento lógico
- tamanho e densidade: nem fragmentado, nem inchado
- critério didático:
- ideal: entre 6 a 12 linhas (depende da complexidade);
- deve conter uma ideia desenvolvida com explicação e exemplo
- coesão textual: articulação entre as partes do texto
- coesão referencial: retomar elementos sem repetir palavras
- tecnicas de coesão referencial:
- pronomes anafóricos: ele, ela, isso, aquilo, os quais, etc
- sinonímia e paráfrase. ex: "capitalismo cognitivo" = "esse novo regime produtivo"
- elipse: omissão de elementos já mencionados, compreensíveis pelo contexto.
- coesão sequencial: conectivos e operadores argumentativos
- garante a coesão lógica entre frases, períodos e parágrafos
- a relação entre coesão e argumentação é de sustentar o fio lógico do texto
- ex. vício de linguagem: "a pesquisa visa estar contribuindo com uma nova visão de mundo, no qual a gente consiga mudar a sociedade como um todo."
- problemas:
- gerundismo (estar contribuindo);
- linguagem vaga (nova visão de mundo);
- coloquialismo (a gente);
- generalização retórica (a sociedade como um todo)
- incoerência lógica: texto se contradiz.
- ambiguidade e imprecisão: a frase permite multiplas leituras.
𝔦v. — d𝔦cas:
- didática: ao revisar um texto, é possível ler parágrafo a parágrafo e se perguntar:
- como esse parágrafo se conecta ao anterior?
- usei algum termo de ligação?
- a quem o texto se refere?
- usar sinonimos, pronomes ou paráfrases:
- ajuda a evitar repetições mecânicas sem comprometer a precisão do conceito
- não se separa o sujeito do verbo com vírgula!
- estratégias de revisão e autocrítica:
- fazer leitura em blocos;
- ler em voz alta;
- reescrever com cortes e substituições;
- reduzir 10% do texto a cada revisão
- tese não é tema!