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{ATENÇÃO: possui gatilhos como menção a suic*dio, casos de depressão/ansiedade diagnosticados / sim, eu sei que sou uma pessoa doente e faço acompanhamento psicológico, não, não sei porque escrevo num site público e de fácil acesso / sim, extremamente pessoal}

um pouco tarde, mas...

      • novembro:
  • sexta, 27: bom, comecei o dia estressada, porque meu sobrinho repetiu a rotina de sempre, ou seja, a de não obedecer ninguém e deixar minha mãe irritada. fiquei um pouco receosa porque tive que dar meu testemunho contra o g**, o que por um lado foi bom (meti o pau nele), mas fiquei receosa sobre o que minhas ações podem me trazer de consequência. até antes mesmo de eu perguntar sobre os outros, me expulsaram da sala e nem puder dizer 'tchau' direito. enfim, espero que dê tudo certo e eu não tenha sido a única a não falar corretamente os fatos, né, porque não sei bem o que esperar das outras pessoas. pela tarde, me encontrei com a minha psicóloga, me senti melhor. comprei biscoito pra minhas doguinhas e pra minha gata. comprei ovos, minha mãe fez bolo de banana e comi melância. ainda a tarde, apresentei meu projeto de tcc e sinceramente, foi muito bom. não achei massivo (eu não aguentava mais ficar parada em frente ao computador, vendos os outros falarem desnecessariamente DEMAIS), coloquei uma música ou outra e fingi não morrer de rir com as músicas da nintendo. também rebati com toda a clareza do mundo o professor, que sinceramente, meteu o pau em mim porque fiz uma piada que ele mesmo já havia falado pra gente fazer, e eu senti que foi um indireta bem crítica em mim, sendo que ele tinha sido completamente diferente com as outras pessoas. enfim, sempre achei que ele me odiava, mas não há nada a se fazer. (aquele meme, quem gostou bate palma, quem não gostou, paciência). tá chovendo agora. tô vendo o felpo jogar... espero que amanhã seja um bom dia.
  • segunda, 30: meu pai morreu dia 29 de novembro de 2020, pela tarde, aos 53 anos. soube que o meu pai morreu as 17hrs desse mesmo dia, ainda sem acreditar. parecia até uma mentira, de mal gosto, feita pelo meu irmão. a ultima pessoa com quem ele falou foi meu tio, que disse que ele estava observando as árvores no sítio onde moravamos, cheio de pessoas, até que meu tio foi falar com ele, mas meu pai o tratou de maneira grossa. falava "tenho que ir, estão me chamando" e o telefone não parava de tocar. meu tio disse que talvez ele estivesse observando as árvores, porque seria lá onde ele se enforcaria, mas com muitas pessoas, desistiu. ele foi encontrado por um casal, que eu acredito ser do rapaz que trabalhava com ele. quando eu o vi, as 20hrs no upa, ainda parecia mentira. eu perdi perdão para ele, pedi desculpas, porque eu não fui uma boa filha para ele. quando eu vi seus olhos, seu rosto, sua boca, parecia tão... irreal. por que o senhor fez isso, pai? dói ouvir de pessoas ruins que foi porque o senhor usava drogas. uma mentira, pois o senhor trabalhava muito, exaustivamente e repudiava drogas demais. dói ouvir que o senhor fez isso por estar com dívidas, porque é a maior mentira, pai. eu tenho certeza que não é isso. você estava indo bem nos negócios, trocou de carro, ia viajar. dói saber que quem falou isso foi aquela mulher, que antes mesmo de ir no seu enterro estava na casa em que o senhor fez. pai, eu não acreditei em nenhuma lagrima dela e não vou acreditar. antes do senhor se suicidar, vocês brigaram, não é? por que dessa vez foi diferente, pai? o que ela te falou? o que ela te fez? por que, pai? você não me viu fazer 23 anos, o senhor não me viu me graduar na faculdade. sabia que eu sonhava com o dia que o senhor estaria lá, na minha formatura e diria que estava orgulhoso de mim? sabia que eu sonhava com o dia que eu teria uma casa e que o senhor a construiria pra mim? eu sempre pensei na planta da minha casa, pai, porque você me prometeu que a construiria. por que, pai? quando eu te vi, naquele funeral, ainda não parecia real. eu não acredito em deus, mas meu deus, eu só gostaria de acordar, ligar pro senhor e ouvir sua voz, mesmo que fosse pra brigar comigo, porque estava estressado com o trabalho e que me liagav depois. pai, por que eu não posso te desejar feliz aniversário? por que eu não posso te abraçar e tive que te ver daquele jeito, vestindo as roupas do meu irmão? pai, por favor, me perdoa. eu não quero mais ouvir das pessoas que não sabem o que me dizer, que eu tenho que te perdoar. pai, quando eu tentei me suicidar, eu não pensei em nada, nem em ninguém, foi assim também? se eu tivesse te ligado mais cedo, teria adiantado? aquela vez que você me chamou pra sair, era pra conversar? pai, eu não tenho que perdoar nada, pai. você tem que me perdoar. eu não estive presente esses dias, né? eu não lutei pelo senhor, eu devia ter tirado você daquela mulher, pai. devia ter tentado mais, pai. eu não sei até quando eu vou resistir, mas eu vou viver, pai. vou viver por você, esperando que você me perdoe e um dia se orgulhe de mim. é verdade que você sempre falava de mim? pai, por que dói tanto? eu vou viver, pai, mas antes eu vou ter que aguentar isso sozinha. porque dói pai, dói muito, é uma dor que eu nunca pensei que sentiria na minha vida. eu não sei se eu vou me recuperar, mas pai, eu vou tentar, pai. mas e essa sensação de estar sozinha? mesmo com tantas pessoas falando que estariam lá por mim, por que você não está? por que quando falavam isso, eu me sentia ainda pior, ainda mais sozinha, pequena, nua. pai, eu te amo. não lembro quando eu te falei isso, pai, desculpa, mas eu te amo. eu vou levar suas memórias, seu cheiro e eu vou estar aqui, pai. tudo bem que tudo ainda dói, tudo bem que o senhor tenha sido cruel comigo várias e várias vezes, eu vou levar isso, pai. o senhor era bondoso com os outros, mas alguns mentiram, não é? você era díficil, havia poucos dias bons, mas pai, você sempre lutou duro. trabalhava dia e noite e pra quê? no fim, ainda me deixou. mas tudo bem pai, me perdoa, por favor. eu vou sentir sua falta, vou sentir saudade de ouvir sua voz, mas pai, eu vou te visitar. te prometo, que no seu aniversário, no meu aniversário, eu vou desejar que você esteja sempre aqui por mim, na minha memória. eu te amo pai, sinto sua falta e me perdoa de novo, tá? eu ainda vou sonhar com o dia que você vai estar lá por mim, porque isso também vai manter você vivo pra mim, né? me perdoa pai, por ser fraca. mas dói tanto. eu te amo pai. 28284.
      • dezembro:
  • terça, 01: meu pai sempre disse que nunca deixaria nada pra ninguém, nem pra um filho. e realmente, ele cumpriu. quero dizer, tirando a dívida no banco que eu não faço a mínima ideia do que fazer. cara, meu pai pegou um empréstimo grande, esse dinheiro não pertence a nenhum de nós e ele não deixou nada. só dívidas. aquela mulher também não contribuiu em nada, não nós deu nem os documentos dele, pra que a gente pudesse tirar a certidão de óbito do meu pai. e mais uma vez, eu me senti minúscula. pequena, inútil. que montanha russa emocional do dia. pensei que poderia assumir a responsabilidade, mas só com a notícia do banco, comecei a chorar em desespero. ouvi coisas absurdas, como cheques de agiotas e dívidas com outras pessoas. eu não sei qual é real e qual não é. meu irmão resolveu assumir, o que pra mim foi um alívio, porque eu simplesmente não sei o que fazer. não sei por onde começar, não sei mais em que acreditar e não sei o que será daqui pra frente, sabe? eu me sinto muito sozinha, minha irmã também não está ajudando, minha medicação também não está me ajudando e eu não consegui falar com minha psicóloga. tenho tentado ignorar tudo, viver como se nada tivesse acontecido, mas tem sido pior. tudo tem se tornado pior. ouvir sobre o comportamento do meu pai, o jeito que ele abandonou tudo, nada mais faz sentido pra mim. me sinto perdida e não sei o que fazer. eu quero ajuda, quero acordar. esses dias eu tenho tentado dormir, mas não consigo. tenho até tentado dormir com a minha mãe, mas ainda acordo no meio da noite. me sinto pequena. me sinto vazia, sei que tenho mais atrapalhado meus irmãos do que ter ajudado, mas não quero ser a única a não estar por dentro do que está acontecendo. hoje eu soube que eu pai ficou mais de 6 horas perambulando, sem rumo, por aí. não fazia mais as coisas como antigamente e mais uma fez eu fui forçada a crer que ele estava premeditando tudo isso. saber dessas coisas me deixa pior. tento encaixar uma peça, mas o quebra-cabeças está despedaçado. será que tem mais coisas para ruir? por hoje não foi o suficiente? o que eu faço?
  • quinta, 3: eu estou em ponto de ficar louca dentro da minha própria casa. e cada vez mais que eu lembro que eu queria ser mãe quando eu era mais nova, era porque eu não convivia com uma criança. meu deus, meu sobrinho abre a boca e eu já fico desesperada querendo ficar mais longe o possível de criança. não sou childfree, mas puta que pariu, é muito complicado e demanda coisas que eu não tenho, como paciência. enfim, a situação do meu sobrinho também é complicada porque quem cuida dele é minha mãe, porque nem meu irmão e nem minha ex cunhada querem cuidar dele, o que já me estressa. aí ter que dar atenção a uma criança que necessita de mil e um cuidados, caralho, é de fuder. cansa demais e eu não aguento. imagina minha mãe. outra coisa que tá me irritando pra caralho é minha irmã, puta que me pariu, desgraça. tudo tem que ser do jeito dela, até com o jeito que eu ando ela implica, que ódio do caralho. e eu não aguento mais, quero privacidade, mas não posso dormir no meu próprio quarto. além que onde ela passa, deixa tudo acesso, não pega nem o próprio copo d'água e fica sobrecarregando minha mãe, ainda mais. puta que me pariu, já não bastasse essa tristeza, agora esse estresse, não aguento mais. e toda hora é uma coisa diferente com ela: só ela pode falar, só ela pode estar certa, só ela, ela, ela, ela. credo. e outra: meu pai não deixou nada pra ninguém, só dívidas absurdas, contas e uma merda de relação com aquela mulher, que a todo custo quer porque quer enfiar polícia no meio. ela vive ameaçando a gente, se fazendo de vítima, mas ligando pra nós ameaçar. eu não aguento mais isso. sério, não aguento. eu tinha muito mais coisa pra falar, mas ontem eu fiquei tão estressada com as merdas que a minha irmã ficou falando pra minha mãe, que eu mal tive vontade de escrever algo. qual a necessidade de botar medo na minha mãe sobre um bagulho que não tem NADA A VER COM A GENTE????????????????????????????? aí minha mãe fica com medo, fica no meu pescoço com a superproteção e me deixa ainda mais irritada. céus, não aguento mais. pelo menos amanhã eu tenho psicóloga e vou ver se eu consigo ir de carro. bom, com o carro que eu e meu irmão estamos esperando o banco tomar, porque sem condições de pagar por ele. ah, outra coisa, meu pai vendeu tudo o que ele tinha. e o que ele não vendeu, ele deu pra outras pessoas. e bem, além de não ter direito a nada, estou sem condições de comprar até meus remédios. eu sou/era dependente do meu pai, mas não sei como vai ser daqui pra frente. não consigo nem pagar meu aluguel. tá tudo uma merda, sério, não aguento mais.
  • domingo, 6: minha irmã foi embora hoje. e sinceramente, espero que ela busque por ajuda psicológica, porque ela deixou todo mundo louco. inclusive eu, que comecei com essa mania de perseguição. pior que minha mãe também e... não sei o que fazer. comecei a dormir bem ontem. ontem fui na igreja, na missa do sétimo dia do meu pai, foi engraçado e estranho, porque eu não costumo ir ou acreditar, além que eu dormi e o padre ficou comentando, essa parte foi engraçada. mas também me lembrei de quando eu era menor, saia da igreja e ia comer cachorro quente com meu pai. foi triste ir lá, sozinha, me apertou o coração. hoje também. senti uma imensa vontade de ligar pro meu pai, perguntar como ele estava, mas não posso. pelo menos, na conversa que eu tive com a minha psicóloga, as ideias que eu tinha sumiram. foi bom ouvir alguém falando o que eu precisava ouvir. eu tenho jogado bastante também, porque me ajuda a não pensar. eu ainda estou de luto, ainda dói tudo e não sei quando vou me acostumar, mas até lá, eu quero tentar conviver o máximo que eu puder, evitando não me culpar e etc. ah, vi minhas sobrinhas também. tenho orgulho demais da ana, porque ela é muito talentosa e creio que ela faz uma coisa que ela gosta, então vou apoia-la. dei meus livros pra ela, umas coleções antigas. me deixa com o coração quentinho saber que ela tem esse hábito de leitura desde cedo. eu ainda não consigo imaginar como será daqui pra frente e isso me assusta. não que sabendo de tudo não me assustasse, mas o sentimento de estar perdida tá me magoando demais. vou assistir algum video e dormir, minha cabeça dói e eu quero chorar. não sei o que será de amanhã, mas por favor, não me faça perder mais ninguém :(
  • terça, 8: as vezes eu odeio essa proeza de dormir em qualquer lugar. dormi sentada e agora estou morrendo de dor nas costas. nada novo hoje. conversei bastante com a minha mãe, não tive aulas e fiquei jogando o dia inteiro. sinceramente, ficar jogando me faz evitar pensar, o que é ótimo. já tive uma crise imaginando o que eu deveria fazer e cheguei a conclusão de que: estou estagnada. ainda sigo de luto, dói tudo e só não penso nisso quando jogo. sério, as vezes ainda não parece real. eu olho minhas fotos com meu pai e parece que a qualquer momento ele vai me ligar. que sensação esquisita. mas eu sinto saudade. desde que ele se foi, parece que tudo virou de cabeça pra baixo, ficou mais complicado e eu não sei como me mexer. é igual eu disse pra minha tia-avó: parece que eu perdi um braço e uma perna, uma sensação enorme de vazio e incapacidade. hoje eu imaginei como seria perder minha mãe. sinceramente, meu maior medo agora é esse. aí, eu acho, não, tenho total certeza que eu morro. não sei como lidaria com isso, mas não consigo não imaginar o pior. eu não sei se é ocasionado pelo estresse, mas meu braço inteiro coça e tem umas feridas iguais a disidrose. já perdi as contas de quanto antialergico tomei e não passa, também não sei se é possível isso passar pro braço e etc. fora que eu tô 100% pistola. com tudo. enfim, montanha-russa emocional de volta. não posso esquecer que eu tenho psiquiatra dia 22. bem no dia do aniversário do meu pai. acho que de lá, vou passar no cemitério. enfim, não quero mais pensar.
  • quarta, 9: será que algum dia, essa montanha emocional vai acabar? sério, que dia de merda. tive que correr atrás de documentação, tudo apé, sem comer nada. isso tudo porque meu irmão ouviu boatos de que meu pai poderia ter alguma casa no nome dele sendo que não consta em lugar nenhum. sério, eu tô cansada. eu sei que meu pai não me deixou nada, eu não tenho nem direito a uma "pensão" pra concluir a faculdade porque não tenho mais a idade. e hoje foi o dia do arrependimento. pra começo de conversa, eu nunca deveria ter ouvido a alexia. fazer faculdade em outro estado, confiando nela? sério? tudo teria sido evitado se eu não fosse tão estúpida. acreditei mesmo nela, né? me fodi, gastei dinheiro pra ir fazer minha matrícula, desesperada sem saber de nada, sendo que eu só podia esperar. cara, isso me irrita até hoje. aí como se não bastasse, aquele sufoco desgraçado de me mudar sem parar logo no meu primeiro ano, aquela folgada da Julia, que fodeu meu psicológico, sinceramente eu só gostaria que todas elas se fodessem. karma existe? porque não funcionou ainda? pior de tudo que eu larguei meu emprego, tudo bem que era uma merda, mas pelo menos eu tinha um. comecei a ficar dependente do meu pai, fiz escolhas horríveis e olha onde estou hoje. não sei como vou pagar meu aluguel, não sei como concluir isso tudo... eu só quero sumir, desaparecer e fingir que eu não existo. eu quero sumir. amo sociología, achei que trabalharia com isso, mas não tenho condições de continuar. eu já não sei mais o que fazer. me dizem pra não desistir logo no último ano, mas mano, como eu vou me manter em pé? sinto meu corpo todo mole, não consigo me concentrar, eu tô cansada, não quero mais viver. eu não quero mais isso. eu não quero mais nada. só quero ficar quieta, deitada e de preferência sem fazer mais nada. eu tô tão cansada. cansada de que? de não fazer nada? o dia inteiro? isso mesmo. cansada de tudo. eu ainda tenho que fazer as coisas que eu não quero fazer. sério, não existe mais ninguém do curso pra mandar mensagem? não existe mais ninguém pra participar de reuniões? por que tudo eu? eu já tô cansada, levei o curso nas costas nesses dois anos e fiz isso sozinha. me desgastei, passei noites no upa e a galera? alguém me ajudou? pior escolha do mundo. eu não queria desistir da Sociologia por conta disso, mas eu tô tão cansada. eu tô tão saturada, não há pra onde eu fugir, não há onde eu possa parar de ser eu, eu só quero ficar em silêncio. eu não quero ser tia, filha, neta, não quero nada. só quero silêncio. por que tudo eu? nem sei mais o que fazer. só é um drama estúpido. chorando atoa. mas quando isso vai mudar? algum dia isso vai mudar? eu nunca sei o que fazer, não vivi o suficiente e nem sei o que fazer. isso tudo é uma droga, sentir é uma droga e eu me sinto irritada. cansada. por que ninguém me deixa em paz? só porque estou online na droga do Facebook não quer dizer que já tenha passado a droga do meu luto. eu só não quero pensar nisso, eu não quero enfrentar isso, eu não quero pensar. eu tô cansada demais até pra isso. só tem problema e mais problema, nada se resolve, sempre tem mais. eu tô cansada. não sei o que fazer.
  • sábado, 12: puta que me pariu, por onde começar? bom, ontem foi sexta, né? tive terapia, foi legal e meio que a minha psicóloga me deu uma “bronca” porque eu estava tentando lidar com todos os meus problemas, sendo que não ia conseguir fazer nada e abandonar tudo. o que é o que eu realmente faço, ela me conhece tão bem, k. e bem, eu entendi, porque eu estou num momento de luto. e eu tenho que passar por esse momento de luto. não preciso pensar sobre faculdade. casa. família, tudo, se eu não consigo passar pelo luto antes. eu entendi isso, mas, assim, eu percebi uma coisa importante hoje: o mundo não para só porque eu estou de luto! as pessoas não se importam, elas não têm empatia por mim e isso me deixa triste PRA UM CARALHO, poque é uma falta de respeito. claro, o mundo não precisa parar porque eu tenho um problema, mas eu esperava no mínimo um respeito das pessoas que estão ao meu redor. por exemplo, se você sabe que eu tô estressada e sem cabeça pra pensar sobre isso e principalmente que eu deixei claro desde do começo que eu perdi a pessoa que me ajudava logo, eu não tenho dinheiro, POR QUE CARALHOS VOCÊ VEM ME COBRAR O ALUGUEL? eu implorei pro dono da casa pra não te chutar de lá, avisei desde o começo sobre tudo, sobre eu estar sem dinheiro, sem condições e mandei tudo pra você, mas por que você se acha no direito de vir me cobrar isso de novo sendo que você sabe que eu não tenho NINGUÉM pra me socorrer? tios? vai tomar no cu, ninguém se importa comigo, ninguém me perguntou como eu estava, como eu vou considerar isso como família? e vai tomar no cu você também, sua arrombada do caralho, porque enfiou a empatia no cu e sempre me deixou desconfortável. nunca, em momento algum, demonstrou respeito por mim e eu que fui cega até agora. puta que me pariu, que ódio, sabe? não tem como eu focar no luto se eu tenho que resolver minhas coisas. ninguém me respeita, entende? ninguém entende? parece que ninguém tem empatia por nada. não tenho dinheiro nem pra pagar a luz da minha casa, nunca atrasei o aluguel e como eu vou tirar esse dinheiro pra pagar sendo que eu perdi a ÚNICA PESSOA QUE ME AJUDAVA?????????????????????????????????? dando o cu? eu não aguento mais, sério. eu tô bem chateada e na moral, não foi a primeira vez e nem será a última. tô vendo que eu vou ter que me mudar mesmo. aliás, eu nem sei como eu voltar pra lá, como eu vou completar a faculdade? o que eu vou fazer? eu não consigo não pensar nisso, porque é o que mais me assombra 24hrs por dia, eu não posso seguir meu luto porque as pessoas não vão esperar por mim, e mais, eu não tenho mais tempo. eu não encontro saída, me sinto perdida e tudo aconteceu e está acontecendo tão rápido, que eu não consigo absorver, não consigo me concentrar. não consigo me concentrar no luto, não consigo não pensar no amanhã. eu tô desesperada e regredindo a tudo. e eu tô tão cansada. minha cabeça não para e eu não consigo fazer ela parar. tá tudo uma merda e vai piorar. :) e sim, eu odeio você. você não sabe ser amiga de ninguém, sua estúpida do caralho e eu espero que você morra. :) e sim, ainda vou fingir que eu me importo com você, mas eu desejo que você se EXPLODA :) não vejo a hora de me mudar e nunca mais precisar olhar na sua cara :)
  • domingo, 27: feliz natal, feliz aniversário. faz 23 anos desde que eu nasci, mas faz 23 anos que meu tio morreu neste mesmo dia. já vai fazer um mês que eu perdi meu pai e tudo parece um sonho. eu fui visita-lo, no dia 22, quando era pra ele completar 52 anos. sabia que ele nasceu em 67, mas para poder se casar, colocou no registro que ele nasceu em 69? pois, é. levei flores pra ele. a morte é uma coisa tão romantizada, não é? você não sente o cheiro, vê os insetos devorando uma pessoa que um dia foi seu pai... é estranho, imaginar isso tudo, ter que chorar no tumulo dele e ver a natureza fazer o resto. é estranho, é uma imagem que eu sei que não vou esquecer e é uma coisa que sempre esteve presente. eu não sei se faz sentido ou se eu estou falando um completo absurdo, eu não me importo. eu estou cansada. não faz sentido comemorar 23 anos se eu não me sinto bem, se eu perdi alguém. e eu odeio, sério, odeio quem fica dizendo que “tantas pessoas lutando pela vida nos hospitais e seu pai, com saúde, fez isso”. as pessoas não sabem como é cruel ouvir isso? como se a culpa de tudo isso foi do meu pai. porra, meu pai não teve culpa de um genocida de merda estar na porra da presidência, tampouco tem culpa de morrer, porra. eu só queria que essas pessoas fossem se fuder. que eu pudesse bater nelas tão forte, que as próximas a morrer fossem elas. mas eu não aguento mais. não tive psiquiatra, continuo com a mesma medicação e me sinto uma merda. eu nem sei mais o que escrever. só que eu não aguento mais, viver, fingindo que nada dói. ignorando tudo. cansa, sabia? eu só não sei o que fazer.
  • quinta, 31: feliz ano novo. tive que fazer esse esforço pra postar antes do ano novo pra não começar o ano reclamando. o que é estranho porque eu vou reclamar, mas enfim. vamos começar pelo o que mais me incomoda: a carência emocional da minha mãe. eu não tenho paciência pra ficar grudada 24hrs por dia nela, do jeito que ela quer. sei que, agora que eu perdi meu pai, eu deveria valorizar esses momentos com ela, mas puta que pariu, ela faz uma cobrança absurda pra mim ficar com ela e eu não quero. tipo, eu errei muito com meu pai e sei que eu estou errando com a minha mãe, mas eu quero privacidade, não ter que ficar toda hora grudada nela. isso me irrita, me incomoda e eu só quero ficar em silêncio. não sei explicar, só sei que eu não gosto que ela me cobra pra ficar perto, sendo que eu não tenho paciência. sei lá, eu sou pau no cu e fico chorando por cometer os mesmos erros, mas não posso evitar. nem sei se posso culpar a medicação, porque não sei se com medicação, eu vou automaticamente parar de ser um pau no cu. enfim, não sei. outra coisa que me incomoda é essa sensação. eu sei que meu pai não era uma boa pessoa. ele bateu na minha mãe, no meu irmão, abusou psicologicamente dela por anos e de mim também, porque caralho, essa sensação de não ser suficiente pra ele me mata. e eu sei que nunca seria a filha favorita dele, nem vou poder ouvir ele falar "parabéns" por algo, sabe? mas dói tudo isso. dói pra caralho e não dá pra tampar o buraco com isso. sei lá, sinto que eu sou a pior filha do mundo e não é dizendo que eu amo meu pai ou minha mãe que vai mudar meus atos e fazer superar todas as merdas que eu já fiz. agora próximo tópico mas relacionado ao anterior: minha prima tá grávida. temos o mesmo nome, ela é um ano mais nova que eu e está grávida. tudo bem que ela namora sei lá, 6 anos e que faz engenharia, além de ser o sonho de neta né, faz academia e não sei o que lá, agora ela tá grávida. não casou, nem sei se vai casar, mas está grávida. e eu com isso? tô com inveja. quero dizer, ela é tudo o que eu não sou. credo, não tenho inveja dela estar grávida, não quero ter filhos, a ideia de transar me dá ânsia, mas eu tenho inveja da vida dela. os pais dela, as coisas dela. o que as pessoas falam dela. entende? tipo, quando meus pais se separaram, surgiu o boato que eu viraria puta, tipo, prostituta, porque iria morar com a minha mãe. isso por parte da família do meu pai, sabe? aí, depois, minha tia veio toda agressiva pra cima de mim, falando que eu seria a desgraça da família se eu fosse lésbica. esse foi o pior ataque que eu já sofri por aquela família, porque estavam minhas tias, minha avó e minha prima (?) e todas elas me agrediram desse jeito. eu esqueci as palavras que elas falaram, mas não esqueci o sentido de estarmos lá e elas me ofendendo. além de todos acharem que eu sou uma "monga". entende? eu tenho um tratamento diferenciado. minha prima é perfeita e eu não sou nada. agora sou a filha do irmão que se suicidou. até consigo ouvir os insultos e estamos longe um do outro. o que eu quero chegar é que eu carrego uma mágoa muito grande da família do meu pai, aliás, meu próprio pai me comparava com a minha prima, tenho certeza que ele desejava que ela fosse filha dele, mas, não posso evitar não sentir inveja dela. não sei explicar, isso vem me matando desde que eu recebi essa notícia. tenho até tido sonhos, pesadelos, sei lá, com isso. que eu sou a substituta dela e sei como é viver uma vida perfeita. ter um namorado, ter um emprego, ter uma família completa, ter saúde mental, fazer as coisas que ela faz......... uau. ela é incrível. e eu.................. bom, nada. que ano de merda, né? não sei se eu fico grata por ter chegado até aqui viva ou se eu fico triste. quero dizer, não queria morrer lentamente. mas o mais rápido possível. infelizmente ano que vem ainda vai ser a mesma coisa, os mesmos sentimentos, a mesma angústia, a mesma cobrança e.............. uma genocida na presidência. vai ser mais difícil comer, mas difícil me manter, mais difícil tentar concluir. será que não seria bom eu desistir aqui mesmo? enfim, vou esperar. mas hm, uma coisa eu não tenho o que reclamar: comecei hospital playlist e tô viciada. série perfeita. de resto, vou ignorar por enquanto. não quero lidar.
nov 16 2020 ∞
jan 2 2021 +