“o que eu tenho pontuado é isso: é o direito da escrita e da leitura que o povo pede, que o povo demanda. é um direito de qualquer um, escrevendo ou não segundo as normas cultas da língua. é um direito que as pessoas também querem exercer. então carolina maria de jesus não tinha nenhuma dificuldade de dizer, de se afirmar como escritora. (…) e quando mulheres do povo como carolina, como minha mãe, como eu, nos dispomos a escrever, eu acho que a gente está rompendo com o lugar que normalmente nos é reservado, né? a mulher negra, ela pode cantar, ela pode dançar, ela pode cozinhar, ela pode se prostituir, mas escrever, não, escrever é uma coisa… é um exercício que a elite julga que só ela tem esse direito. (…) então eu gosto de dizer isso: escrever, o exercício da escrita, é um direito que todo mundo tem. como o exercício da leitura, como o exercício do prazer, como ter uma casa, como ter a comida (…). a literatura feita pelas pessoas do povo, ela rompe com o lugar pré-determinado.”

[conceição Evaristo, em entrevista concedida a blogueirasfeministas em 30 de setembro de 2010]

mar 2 2024 ∞
mar 2 2024 +