- E Notre Dame, como edifício de transição de estilos, se apresenta “entre as velhas igrejas de Paris, uma espécie de quimera: tem a cabeça de uma, os membros de outra, otraseiro de uma terceira – e algo de todas.
- São mutilações que vêm tanto de dentro quanto de fora. O padre pinta, o arquiteto raspa e depois vem o povo e as destrói.
- O homem que escreveu aquelas letras na parede há vários séculos desapareceu nas sucessivas gerações, como a palavra desapareceu da parede da igreja e a própria igreja talvez também desapareça.
- São fatos que só comprovam essa verdade nova: os grandes acontecimentos têm consequências incalculáveis.
- E o leão de pedra que vigiava à porta, agachado, de cabeça baixa e o rabo entre as pernas, como os leões do trono de Salomão, em atitude de humildade, como deve a força se colocar diante da justiça?
- São as malditas invenções do século que põem tudo a perder. A artilharia, o cão dos arcabuzes, as bombardas e, principalmente, a impressão, essa outra peste da Alemanha. É o fim dos manuscritos, dos livros! A impressão destrói o livro. É o fim do mundo que se aproxima.
- Um gigante quebrado e mal colado.
- — Se existo, isso existe? Se isso existe, existo eu?
- — Sabe o que é a amizade? — perguntou ainda. — Sei — respondeu a egípcia. — É ser irmão e irmã, duas almas que se tocam sem se confundir, os dois dedos da mão. — E o amor? — continuou ele. — Ah! O amor! — sua voz tremeu e o olho resplendeu. — É ser dois, sendo um só. Um homem e uma mulher que se fundem como anjo. É o céu.
- No inverno, me aquecia ao sol, sob o pórtico do palácio de Sens, achando ridículo que as fogueiras de são João ardam no verão.
- Sem dúvida ainda hoje é um edifício sublime, a igreja de Notre Dame de Paris. Porém, por mais bela que se conserve na velhice, é difícil não suspirar, não se indignar diante das degradações e inúmeras mutilações pelas quais simultaneamente o tempo e os homens fizeram o venerando monumento passar, sem respeitar Carlos Magno, que assentou a primeira pedra, nem Filipe Augusto, que assentou a última.
- Tempus edax, homo edacior.31 Sentença que gostaria de traduzir como: o tempo é cego, o homem estúpido.
- Essa igreja central e geradora é, entre as velhas igrejas de Paris, uma espécie de quimera: tem a cabeça de uma, os membros de outra, o traseiro de uma terceira — e algo de todas.
- Cada fluxo do tempo superpõe sua camada no monumento, cada geração acrescenta a sua pedra. É como fazem os castores, é como fazem as abelhas, é como fazem os homens.
- O rei só cede quando o povo arranca.
- — E aliás, Eustache! O que fez do bolo? — Mãe — disse o menino. — Enquanto falavam com aquela senhora que está no buraco, um cachorro grande deu uma mordida no bolo. E eu então comi o resto.
jun 26 2019 ∞
jun 26 2019 +