user image

she/her · 90's · sad & brazilian · chronically online · fujoshi · infp · chaotic neutral · lesbian ace · agnostic atheist || ☆*:. ❝nobody likes being alone that much. i don't go out of my way to make friends, that's all. it just leads to disappointment❞ — norwegian wood • haruki murakami ☆*:. || pocket camp id: 47193650090 | (pt-br)

bookmarks:
petra about me (things i admire in people)
its diário de leitura (abr, 2025)
elihomicidal about me (ଓ Currently into 2025)
ca um artigo por semana para o meu cérebro não derreter (2025)
rose pokémon (violet: completing the dexes)

ah, esse final!

“abandonai toda a esperança vós que aqui entrais.”

———

tenho muitos pensamentos desordenados sobre "o idiota", do dostoiévski, que vou tentar expressar aqui sem pretender elaborar uma resenha crítica, disso não seria capaz. considere um registro de pensamentos esparsos que me ocorreram durante sua leitura.

———

se pudesse destacar um tema tratado por este livro, seria o embate entre a esperança e o desespero em indivíduos que se percebem esmagados por forças (internas, externas) contra as quais eles não conseguem efetivamente lutar, em uma realidade que são incapazes compreender e da qual estão apartados por razões sociais, econômicas, filosóficas etc.

———

se parar para pensar, “os irmãos karamázov” acaba por ser um material mais polido, refinado, digamos; a trama de “o idiota” muitas vezes parece girar em círculos como seus próprios personagens, sem saber para onde ir, como se a própria narrativa se perdesse no labirinto. porém, acredito que a beleza deste livro está em seu caos espiralado.

———

“o idiota” tem como protagonista o príncipe myshkin, um rapaz epiléptico com savior complex e dificuldades se interagir socialmente em conformidade com as expectativas vigentes. alguns leitores (nos quais me incluo) consideram-no um personagem que estaria dentro do espectro autista, mas é importante frisar que se trata de um headcanon, considerando a época em que foi escrito. enfim, myshkin chega a petersburgo como um “beautiful cinnamon roll, too good for this world, too pure!” e, por consequência, acaba sendo tomado por um completo “idiota”, nos vários sentidos que a palavra assume no texto.

ingênuo, idealista e inexperiente, o príncipe se revela uma presa fácil em meio a feras que se digladiam em jogos de interesses. em meio a sucessivos escândalos (é fascinante como neste livro não se reúnem duas ou três pessoas no mesmo espaço sem resultar em cenas lamentáveis!), myshkin tenta fazer o bem sem olhar a quem e acaba enredado nos dramas alheios, ao ponto de arruinar seu (cada vez mais precário) estado mental. não posso não recordar aquela conhecida fala do dr. manhattan em watchmen: “i'm tired of this earth, these people. i'm tired of being caught in the tangle of their lives.”

não sei se a intenção do dostoiévski é igualar o príncipe a cristo e mostrar que, se jesus aparecesse entre os contemporâneos do escritor, seria devorado por chacais, ou se o intuito é mostrar que o myshkin é na verdade um tolo por querer ser cristo, portando-se como uma figura idealizada e magnânima quando é apenas um humano qualquer, tão mundano e contraditório como os demais, assombrado por sentimentos que a todo custo busca reprimir. suscetível a erros. um cavaleiro, assim como dom quixote, que luta contra moinhos de vento em uma fantasia heróica que o afasta da realidade. pessoalmente, acho que as duas interpretações não estão completamente equivocadas. myshkin não raras vezes se porta como um self insert de seu criador na defesa de sua fé e de seus posicionamentos políticos/ideológicos (basicamente ele defende as classes oprimidas, mas se opõe aos métodos da revolução e enxerga o cristianismo como solução). só que myshkin não se restringe a essas facetas.

———

do pouco que pude ler deste autor, não raras vezes ele parece estar fazendo chacota de todos os personagens em cena, alguns mais que outros, obviamente – como qualquer outra pessoa, ele puxa a sardinha para o espectro que defende, normal, faz parte. porém, mesmo os relógios que o escritor considera “quebrados” podem anunciar a hora certa de quando em quando. ele parece ora se levar (demais) a sério, ora nem tanto. o autor permite que seus personagens tenham voz própria e manifestem suas crenças (e incoerências) em uma pantomima exagerada às raias da comédia. um deleite.

o texto do dostoiévski é um espaço de conflito. já dizia o cardeal lawrence que a fé se alimenta da dúvida e não consigo deixar de pensar nisso quando leio dostoiévski. porque, ao meu ver, esse ferrenho defensor do cristianismo ortodóxico agarra-se a crença da salvação justamente por ser atormentado no mais profundo de seu ser. como poderia um homem alheio às incertezas escrever personagens tão cheios de questionamentos? dostoiévski, ao colocar seus personagens no papel, não luta com outros que não seus próprios demônios.

———

é engraçado citar conclave porque o dostoiévski aparentemente considerava o catolicismo de roma a porta de entrada para males mais ~tenebrosos como ateísmo e socialismo, pelo que entendi do discurso do myshkin (me corrijam se estiver errada). fiquei com a impressão de que “dostô” foi um grande tiozão do zap com ideias inflamadas, que na falta das telas escreveu suas opiniões imprescindíveis em calhamaços de trocentas páginas! cada um com os seus hobbies.

———

impossível falar deste livro sem me deter no triângulo myshkin/nastasya/rogozhin, cujo drama repercute nos demais núcleos e movimenta esta história. a dinâmica deles me lembra, em certa medida, de utena/anthy/akio, habitantes de um teatro de sombras que buscam por um castelo no céu. aqui, diferente de “shoujo kakumei utena”, a concubina em apuros não segue os passos do príncipe ou se liberta de seu destino trágico: ela jaz em seu caixão pela eternidade – afinal, myshkin é insuficiente, apenas um homem, sem poder para salvar outrem de seus próprios demônios, não? seria ele capaz de aplacar a imensa dor que ela carrega? seria capaz de mudar o destino de outrem que escolheu se entregar à morte? enquanto o anime tem uma interpretação esperançosa, de que podemos inspirar uns aos outros a nos libertar de grilhões, o idiota atesta o contrário.

em tempo, jamais conseguiria shipar akio/utena porque o irmão de anthy é um predador, mas rogozhin/myshkin... ah, que sabor! eles são como os estandartes da esperança e do desespero que disputam o domínio sobre a alma de nastasya – e do enfermo ippolit – e não posso evitar enxergá-los mais que meros rivais. até porque, enquanto os rapazes juram fraternidade e trocam as cruzes que carregam no peito, nastasya não me parece ser compreendida, de fato, por nenhum deles, assemelhando-se, por vezes, a um território a ser ocupado pelos (mais que amigos) brothers em seu roleplay de jesus cristo versus cinco mil satanás. é certo que ambos enxergam a dor de filippovna, mas rogozhin não faz mais do que a consumir num banquete nefasto no qual se compraz, até o último arfar, enquanto myshkin, ainda que estenda a mão à garota (e conquiste seu sincero afeto), jamais poderá curá-la onde dói…

quando a dinâmica dos três se conclui na tragédia anunciada desde os primeiros capítulos, myshkin toma rogozhin nos braços como uma criança desamparada (quando for rica vou comissionar um artista para desenhar uma fanart deles como pieta do michelangelo!) e chora por estas duas pessoas que amou – porque através da salvação de nastasya ele queria, também, salvar o coração de rogozhin. como pode esse absolute doomed ot3 ser tão underrated?

———

na minha cabeça, a cena em que myshkin cai dos altos de uma escada em espiral e sofre um ataque epiléptico após ser surpreendido por rogozhin com uma faca ✋ deste tamanho ✋, é uma cena de sexo, não vou elaborar.

———

casquei na parte em que myshkin encontra casualmente um exemplar de madame bovary nos pertences de nastasya filippovna. esses livros perigosos influenciando nossas jovens damas a destruírem suas vidas! realmente, as tretas literárias são recicladas em círculos ad infinitum.

———

a prova derradeira de que o autor tenta estabelecer uma comparação entre myshkin e a figura de jesus cristo reside no fato de que o príncipe tenta salvar nastasya de seus tormentos ao custo de sua própria vida. eis uma cruz que ele não pode suportar (no fundo, ele sabe disso) e, mesmo assim, decide carregar. a relação de myshkin/nastasya é praticamente uma luta espiritual contra o abismo (encarnado pelo rogozhin).

em determinado ponto, óbvio, myshkin se exaure e a toma como louca. por mais que a ame, nastasya o deixa doente, à beira de um ataque de nervos. NÃO GOSTAVA DE MALUCA? NÃO GOSTAVA DE MALUCA? NÃO GOSTAVA DE MALUCA? NÃO GOSTAVA DE MALUCA? nesse ínterim, myshkin chega a enxergar em aglaya, parenta próxima, seu raio de sol, seu fio de ariadne! e como ele se sente nas nuvens com aglaya (pois certamente gosta de apanhar de mulher bonita)!

pois bem, não nego que myshkin seja bondoso e que se preocupe com as pessoas que o circundam, mas no fim do dia ele ainda é um rapazote apaixonado pela vida, ingênuo até, que almeja ser feliz – e não um mito ou um mártir, como alguns leitores proclamam. ele é só um homem que erra ao querer abraçar as dores do mundo sendo um grão de areia.

tanto que a morte de seu espírito/de sua psique não transforma ninguém: todos continuarão incorrendo nos mesmos erros. apesar de que ele deixou sua marca em kolya e, talvez, evguêni. estou sendo incoerente? quem sabe.

———

mas falemos da minha personagem favorita, aglaya ivanovna. sei que muitos leitores me condenarão por gostar desta ridícula, mas o que posso fazer se a comédia representada por ela me comove?

filha idolatrada do casal epanchin, aglaya cai de amores pelo myshkin, reconhecendo nele um homem com personalidade própria, que diverge das convenções sociais por ela intimamente desprezadas. porém, orgulhosa, aglaya teme se expor ao crivo desta mesma sociedade que julga desdenhar. devido ao lugar que ocupa na família e na sociedade, uma série de expectativas são projetadas em seu casamento, todos os olhos estão voltados para a definição de seu destino. para aglaya, entregar-se a myshkin, este pretenso salvador ridicularizado por todos, envolve quebrar expectativas e sair de uma zona de conforto que ela não está (e nunca estará) pronta para deixar. ao mesmo tempo que a jovem se deleita com a ideia de causar escândalo, horroriza-se ante a possibilidade de mostrar seus quereres mais íntimos para apreciação geral. uma hipócrita, eh?

como expõe varya, cirúrgica: “na infância, ela se esgueirava para dentro do armário e ficava lá por uma ou duas horas, ou até três horas, só para não aparecer na frente das visitas; com os anos, cresceu muito, mas por dentro é a mesma, até hoje.”

entre impulsos conflitantes, aglaya mente que não se sente: para os outros, para seu amado, para si mesma. são tantas camadas de performance que a gente não sabe quando ela está falando sério ou não. com myshkin, aglaya se comporta como uma tsundere das mais irritantes: escarnece dele até o desespero. machuca-o e se machuca repetidas vezes. perde perdão, para logo retomar suas diabruras. tão preocupada em não expor o que considera sua baixeza, aglaya faz-se cada vez mais detestável para aquele que a cativou.

não à toa ela presenteia o príncipe com um ouriço, em alusão ao dilema de schopenhauer. ♡ e mesmo que, tal como aglaya, o narrador onisciente afirme não haver nenhum significado especial no ato, nós todos sabemos do que se trata.

———

existe a interpretação de que aglaya seria uma alegoria dos cristãos que não amam a cristo por completo ou que dizem amá-lo, mas não respeitam seus preceitos etecetera. de qualquer modo, aglaya é alguém que não se compromete por inteiro. abrindo mão do amor do príncipe em favor da vaidade, de um suposto decoro, a jovem escolhe viver uma vida de ilusões, tomando bijuterias por ouro. uma tola, sem dúvida. eu a amo com toda a extensão do meu ser.

———

armários também podem ser caixões. nesse sentido, penso que aglaya/nastasya são como duas faces de uma mesma moeda, ambas oprimidas, de formas distintas. enquanto aglaya se debate em uma gaiola de ouro, nastasya definha às margens da sociedade. mas, a despeito do abismo social que as separa, as duas mulheres são iguais que se reconhecem, atadas a grilhões que não lhes permitem serem livres.

essa compreensão só torna mais cruel a postura de aglaya em seu embate com nastasya, uma vez que, embevecida pelo sabor de uma vingança mesquinha, a jovem epanchin escolhe deliberadamente ferir a honra já escarnecida de sua rival. movida por orgulho, aglaya não pode aceitar que o príncipe (e ela mesma) tenha ligações com “aquela mulher”. sendo a única digna do amor do príncipe, precisa “destronar” nastasya (que já havia abdicado do rapaz), bem como testar as prioridades dele. ridículo, não? no fim das contas, aglaya sabe muito bem o que está fazendo quando traz o nome do totski à tona para chutar cachorro morto.

confrontado, myshkin toma as dores de nastasya. óbvio. pois quem aglaya pensou que este príncipe da paz defenderia naquele momento, uma vítima da sociedade em busca da salvação ou uma patricinha que não sabe o que quer? poupe-me, aglaya! você o perdeu porque quis.

———

às vezes me pego pensando: tudo poderia ser resolvido se myshkin, aglaya, rogozhin e nastasya entendessem que ✨️ monogamia mata ✨️.

———

não sei o que escrever sobre o ippolit, porque meus julgamentos sobre ele mudam sempre que releio sua necessária explicação. fico feliz de ter lido "os irmãos karamázov" antes deste livro, porque o relato de ippolit se opõe ao de zosima... se zosima nos mostra como foi salvo, ippolit nos confessa como se perdeu.

ippolit é deliciosamente complicado e contraditório em tantos níveis que não posso evitar nutrir simpatia. ♡

este rapaz tuberculoso existe basicamente para se contrapor ao myshkin, no sentido de que, à beira do abismo, o príncipe enxerga o divino; ippolit, no entanto, enxerga apenas a própria queda e por isso cede ao desespero – afinal, para seu criador, não existe ateísmo que não desemboque no niilismo mais juvenil.

no mais, os sentimentos de ippolit por myshkin são conflitantes: ao mesmo tempo que o admira, a inveja e o desdém pelo esforço do príncipe se digladiam no seu coração em descompasso. assim como nastasya, ele está se afogando em águas sombrias e já não consegue retornar a superfície. qual o ponto, afinal, de tentar, se ele vai ser esmagado como um inseto por mais que se debata? para quê, se não será recompensado?

outro ponto interessante são os jogos de espelhos nos quais ippolit expressa abertamente alguns sentimentos que o myshkin seria incapaz de articular, quase como uma espécie de “duplo”, especialmente em relação a dinâmica com o rogozhin, que (também) o atormenta como um espectro em seus momentos mais sombrios. “— não sei, hoje eu sonhei que tinham me sufocado com um trapo molhado… um homem… pois bem, eu vou lhe dizer quem foi. imagine só: o rogójin! como o senhor acha que se pode sufocar uma pessoa com um trapo molhado?” mwehehe~ até mesmo a relação entre kolya e ippolit reflete o conflito entre myshkin e rogozhin, já que kolya, apesar de tudo, inclina-se a bondade, enquanto ippolit é tão atraído quanto amedrontado por (seja lá o que for aquele) rogozhin.

———

uma janela que só permite entrever o muro da casa do meyer também pode ser um caixão. ainda mais se ocupado por um doente que já se entregou à morte. e não adiantará cercar este doente com as árvores de pavlovsk se ele já está apaixonado pelo muro da casa do meyer. mas, por outro lado, não é como se ele pudesse escapar… afinal, o suicídio é revolta ou aceitação?

"de que me adianta a natureza de vocês, o seu parque de pávlovsk, as suas alvoradas e os seus crepúsculos, o seu céu azul e os seus rostos tão satisfeitos consigo mesmos, quando todo este banquete, que não tem fim, já começou considerando que só eu era supérfluo?"

"será que é impossível simplesmente me devorar, sem exigir de mim, também, elogios para aquele que me devorou?"

———

ainda sobre espelhos: é curioso que o ippolit planeje se matar na frente do príncipe (eu vou me matar na sua frente!) justamente ao nascer da manhã em que myshkin celebra seu aniversário... que momentos antes, myshkin desejasse celebrar sua (nova) vida compartilhando de uma garrafa de champanhe apenas (só e somente!) com rogozhin... que antes do encontro com rogozhin, aglaya instrua myshkin como carregar (passo-a-passo) uma arma de fogo corretamente... que a presença (com a forma) de rogozhin no leito de ippolit marque uma mudança de percepção no rapaz, que então cede ao desespero... que ippolit dedique suas últimas palavras a aglaya sem ao menos a conhecer (por quê?)... que a arma de ippolit falhe no momento derradeiro justamente por não estar carregada do jeito certo (!)... que ippolit morra de fato pouco depois de myshkin morrer espiritualmente, sendo, desde sua primeira aparição, um prenúncio do fim derradeiro de todas as coisas...

———

e os sonhos do ippolit? mwahahaha~ vocês sabem no que estou pensando...

———

“o idiota” já estava no meu radar faz algum tempo, por causa de boris/theo (sim, lá vou eu de novo...). acontece que boris está sempre com este livro no arco de las vegas, e theo chega a ler esse calhamaço em russo (!) apenas para lembrar do boris em sua ausência (as coisas que fazemos por amor!). queria entender se existe alguma ligação temática entre as duas obras, já que tartt não coloca detalhes ao acaso em seus livros.

logo se nota que rogozhin serviu de inspiração para a criação de boris pavlikovsky. é fato que existem muitas semelhanças entre as personagens, que não se restringem a aparência física: repetidamente comparados a seres mitológicos infernais/perversos, tanto rogozhin como boris são outcasts sociais que se refugiam de seus daddy issues no vício e na depravação, atuando como duplos que comportam de impulsos reprimidos por nikolayevich e decker, respectivamente.

nesse sentido, theo seria myshkin, certo? em minha opinião, errado. não consigo enxergar decker como uma versão do príncipe. longe ser um idealista que se envolve nos problemas de terceiros, theo me parece como uma pessoa atada a grilhões, justamente o tipo de criatura malfadada que o príncipe se esforçaria para salvar OH WAIT

enfim, para não me alongar, theo decker seria uma versão de nastasya/aglaya: o personagem que se encontra preso em uma narrativa que ele mesmo criou e da qual não consegue se libertar.

boris, desse modo, seria rogozhin/myshkin, pois apesar das semelhanças com seu “original”, o rapaz está longe de portar como antagonista de decker, sendo antes um companheiro em suas incursões ao inferno, quase um guia, sob determinados aspectos. ou, como um usuário do reddit colocou (eu perdi o post…), ele seria a solução espiritual/filosófica para decker no sentido de ser a personificação do caos, a bondade na maleficência e a maldade na benevolência, se distanciando, assim, de seu material base (que nada mais é que uma personificação do diabo em oposição ao myshkin). seria o pintassilgo uma resposta de tartt a dostoiévski? eu não faço ideia.

———

quando myshkin e rogozhin se conhecem em um trem a caminho de são petersburgo não pude deixar de lembrar do theo e do boris se falando pela primeira vez no ônibus escolar. “hey, potter”.

____

o cristo morto do holbein está para myshkin/ippolit/nastasya assim como o pintassilgo do fabritius está para theo. não quero elaborar.

"por meio daquele quadro, parece que se exprime esse conceito de uma força obscura, nua e absurdamente eterna, à qual tudo está subordinado e que nos atinge, queiramos ou não."

____

o apartamento do rogozhin definitivamente é um caixão. "[...] parece um cemitério e ele, pelo visto, gosta disso, [...]" , diz ippolit.

____

quando eu penso que a nastasya sangrou por dentro ao ser assassinada, cara, isso me destrói por completo.

"e... e veja só o que eu também acho espantoso: a faca pareceu penetrar um archin e meio… até dois archin... bem debaixo do seio esquerdo… mas só saiu meia colher de sopa de sangue, na camisa; mais nada..."

____

é uma pena que existam tão poucas fanfics desta obra prima no ao3. existem 8 fanfics rogomysh apenas, sendo a maior parte em russo ou mandarim. nenhuma canon divergence fix it para myshkin/aglaya ou myshkin/nastasya: um absurdo! nenhuma com ippolit/kolya, liebediev/ivolguin, evguêni/vera... encontrar uma ippolit/gravila foi uma grata surpresa, não havia enxergado o potencial deles até então. ♡

____

não tenho muito a falar do gravila, ele tem basicamente a mesma personalidade da maria de fátima de vale tudo. tanto myshkin como ippolit são duas pedras em seu sapato, acabando com seus planos de ascensão social/econômica. que delícia.

____

enfim...

____

estou louca para assistir o live action russo de 2003 e a adaptação japonesa do kurosawa, mas vou dar um tempinho, quem sabe até o fim do ano.

apr 4 2025 ∞
apr 14 2025 +