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pensando pensamentos pensantes

bom, assisti por causa da thumbnail, pois julguei se tratar de um romance e era o que estava a fim de ver naquele dia.

para minha surpresa se trata de um slice of life que me recordou (um pouquinho) uzumaki, do junji ito. apesar de não existir qualquer elemento de terror ou sobrenatural, i basilischi nos apresenta uma comunidade do interior da itália que devora seus filhos, voltando-se sobre si mesma como uma espiral da qual não se pode escapar.

o título faz alusão ao mito do basilisco, cujo ponto fraco consiste em olhar sua própria imagem no espelho. acho que ele me tocou pela mesma razão do caderno proibido da alba de céspede, que também se passa na itália do pós-guerra: a protagonista está longe de ser uma heroína que vai mudar seu destino ou revolucionar o entorno, pois acaba se deixando derrotar pelas circuntâncias. ou pelo medo de ser uma outcaster. sei lá. acontece. aqui, os jovens antônio e francesco tem sede de mudança, mas pouco fazem, na prática, para se desvencilhar dos velhos costumes locais, seja pela falta de vontade que desperdiça os meios (no caso do filho do tabelião), seja pela falta de meios que mingua (pouco a pouco) a vontade (no caso do filho de trabalhadores rurais). dada as circuntâncias dos personagens, ao descobrir que o basilisco era chamado de pequeno rei fiquei intrigada se esse significado foi considerado pela diretora. se sim, achei perspicaz.

a sequência de abertura com os habitantes dando um cochilo pós almoço é bonita, e consegue transmitir em poucos minutos a atmosfera do lugar: naquela comunidade, nada acontece e todos os dias são iguais aos outros, quem sabe desde sempre, que sabe até o fim dos tempos. o pouco entretenimento se dá através de uma rede de fofocas que revela pensamentos super retrógrados. existe um clube cultural recém inaugurado, que não traz nenhum frescor a cidade e consiste basicamente em homens (cishet, brancos) desocupados jogando (cartas, xadrez e conversa fora). a economia está estagnada e qualquer mínima tentativa de inserir mudanças sócio-espaciais (a construção de uma estrada, a formação de uma cooperativa de produção) são boicotadas pela elite local, que sente saudades de um certo passado (ééé...). os jovens não tem perspectivas de seguir outro caminho que não o de seus pais.

as mulheres possuem pouca (quase nenhuma) agência na trama, mas acredito que exista um tom de crítica na forma como são tratadas: alvos preferenciais dos comentários jocosos da comunidade ou meros objetos de desejo dos protagonistas, que não escapam muito aos pais, no fim das contas. não acho que algumas situações estão no filme por acaso - o fato da cooperativa ser uma ideia da mãe de francesco, por exemplo -, e algumas das mulheres não aceitam passivamente os papéis esperados naquela sociedade, mas não coloco minha mão no fogo em conclusões precipitadas: seria algo para confirmar assistindo outras produções da diretora, pois não faço ideia de suas orientações políticas.

enfim, achei interessante. é apenas um comentário e posso atualizar se lembrar de outras coisas.

aug 19 2023 ∞
aug 19 2023 +